Bruna Maria, uma jovem camareira de um grande hotel na capital de Fortaleza, mora sozinha em um quartinho pequeno e aos finais de semana costuma viajar para o interior para casa de sua avó. Vovó Olívia, como ela costuma chamá-la, criou a neta sozinha após seus pais serem presos por tráfico de drogas diversas vezes. Ela não sabe onde eles vivem atualmente depois de saírem da prisão. João Gonzalez, um bilionário frio e autoritário tem alguns negócios no Brasil, portanto, viaja muito, principalmente para o nordeste. Ele é natural da capital do México, conhecido por suas empresas e beleza extraordinária tira suspiros por onde passa. Após a perca dos pais ele assumiu os negócios da família, aguardando o dia que seu irmão mais novo Samuel também assuma parte dos negócios. Uma certa camareira nordestina, destrambelhada, trará mudanças em sua vida sem que ele perceba. Um homem que nunca se apaixonou saberá lidar com o sangue quente da nordestina arretada? E, Bruna Maria, conseguirá derreter o coração frio deste bilionário?
Ler maisJoão Gonzalez
A tragédia...
Um filho nunca deveria enterrar os pais. Os meus faleceram diante dos meus olhos. Papai e mamãe morreram ao meu lado.
Descemos do jatinho da família em um aeroporto que supostamente era muito seguro, mas, na verdade, não foi. O assassino aguardava pela minha família.
O indivíduo de aparência militar sacou duas armas de porte pequeno e saiu atirando na nossa direção. Mamãe e papai entraram na frente para proteger meu irmão e eu dos tiros.
Não queria que Samuel visse toda aquela tragédia. Ele era um garoto de dez anos e eu tinha vinte e dois anos.
— Calma, vou te proteger! — gritei, abraçando ele com força.
Quando os nossos pais caíram no chão e a polícia do aeroporto conseguiu deter a tiros aquele desgraçado, foi o momento que vi a gravidade da situação.
Fechei os olhos de Samuel com minhas mãos enquanto observava em pânico meus pais sangrando no chão. Os gemidos de dor seria algo que nunca esqueceria.
Meu pai falecera com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Minha mãe com dificuldade em seu último suspiro disse que nos amava.
Precisei ser medicado para comparecer ao velório dos meus pais. Vi pessoas que nunca observara na vida em nossa casa. Tudo que queria era proteger meu irmão, de que ele ouvisse qualquer conspiração em relação ao assassinato dos nossos pais.
O assassino continuava no hospital sendo vigiado pela polícia. Não era justo ele ter saído com vida após fazer o que fez. Ele não falara nada do porquê fizera o que fez. Esperava que o maldito nunca mais saísse da prisão.
— Não vamos vê-los mais, João. Nossos pais se foram para sempre...
Samuel disse dando uma olhada para os caixões e voltando seu olhar marejado para mim.
— Eles nunca vão nos deixar. Nossos pais estarão conosco pelo resto de nossas vidas, Samuel!
Na hora do sepultamento, fraquejei na frente de todos. Chorei desejando que fosse um pesadelo. Eu não era um jovem responsável para cuidar de uma criança.
— Vocês não deveriam ter partido assim, não deveriam...
Ajoelhei-me na grama verde do cemitério, próximo das covas dos dois, ali fiquei até ser tirado por um dos meus tios.
— João, seja forte, senão por você, pelo seu irmão! — meu tio disse firme.
Ser forte? Eu não conseguia nem sequer ficar de pé! Empurrei meu tio, não porque queria agredi-lo, mas, porque queria fugir dali.
Os dias seguintes foram de muita tristeza e dor. Eu precisava ser o homem que meus pais queriam que eu fosse, custasse o que custasse.
Minha alegria e vontade de viver morrera com meus pais. Assumi a frente os negócios de família, sem deixar de ser o irmão mais velho que Samuel precisava.
— Não posso deixar que falte a escola, qual é cara. Por que não colabora? A vida continua, infelizmente. Samuel, você tem que frequentar a escola! Anda! Sai logo dessa cama!
Meu irmão não queria voltar para rotina normal. Ele ficara malcriado, após a morte dos nossos pais. Minha família queria cuidar da criação dele, no entanto, era responsabilidade minha.
Por que abandonaria meu irmão? Queria que ele um dia se tornasse um grande homem e diferente de mim ele fosse responsável.
— Já disse que não! — berrou, chutando as pernas no meu peitoral.
Tirei a força meu irmão da cama, indo até o banheiro e jogando ele na banheira com água.
- Você querendo ou não, de agora, em diante, tem que obedecer minhas ordens! Entendeu? Se eu te disser para fazer algo, faça! — esbravejei.
Por que ele não entendia que não era o único sofrendo? Ser adulto não significava que minha dor era menor que a sua.
Dez anos mais tarde...
Foi com muito esforço e dificuldade que consegui colocar meu irmão na linha. Samuel seguia o caminho certo e logo me ajudaria nos negócios de família e eu poderia relaxar um pouco.
Renunciei de tudo que gostava e dos prazeres da vida para me tornar responsável. Um dia fui um jovem que amava viver com intensidade cada momento, mas aquele outro eu ficara em um passado distante.
— Quero que reserve um quarto naquele hotel no Brasil que comentei. Anote na agenda eletrônica todos os meus compromissos no Ceará. Não ficarei muito tempo longe daqui. — informei para minha secretaria que ouvia com atenção.
Costumava viajar com muita frequência devido ao trabalho. Eu não precisava de fato trabalhar tanto, para isso tinha muitos funcionários, entretanto, era melhor manter minha cabeça em alguma coisa.
Falava fluentemente seis idiomas. Estudava muitas coisas nas horas vagas. Vida pessoal era inexistente e também não tinha mais nada que me interessasse para perder meu tempo. Cuidar dos negócios e do meu irmão era minhas obrigações e nada mais.
Bruna MariaUm almoço em família com as crianças juntas era trabalho em dobro. Não que eu estivesse reclamando, não era isso! Era difícil controlar tanta criança junta, portanto, contratei uma babá para olhá-las e acompanhar seus passos. Onze anos passaram voando e eu estava gestante do meu terceiro filho. Miguel era um garoto inteligente e bem estudioso, mas sua irmã Ana Luísa era o oposto.Ela tinha somente nove anos mais-valia por quatro crianças. Não parava um segundo quieta. Suas birras para não ir à escola eram coisa séria, no entanto, meu marido e eu dávamos um jeitinho de fazê-la participar das aulas sempre.— Ana Luísa, não suje seu vestido! Quer que os seus tios te vejam farrapada? — perguntei seriamente. Minha filha me olhou emburrada. Odiava quando alguém lhe chamava atenção.— Mamãe, por que não chama atenção do Miguel também? — questionou-me, procurando por um motivo apenas de colocar seu irmão em encrenca.— Ele está sentado na poltrona. Por favor, filha, não faça nada
João GonzalezDois dias após o nosso retorno ao Brasil, minha esposa entrou em trabalho de parto. Não sei quem estava mais nervoso se era eu ou ela quando fomos para o hospital, por um momento quase desmaiei porque não sabia se aguentaria de fato ver ela sofrendo durante o parto, no entanto, não comentei minha fraqueza com ninguém. Entrei naquela sala de parto firme, menos forte, mas isso ninguém precisava saber.Quanto mais se aproximava do momento do nascimento de Miguel, mas ansioso ficava até mesmo acreditei que pudesse cair na sala de parto e acordar só depois de o meu filho ter nascido. No entanto, ele veio antes que isso pudesse acontecer, com as mãos trêmulas cortei o cordão umbilical do meu menino. Ele reconheceu a mamãe na hora quando ela falou com ele, foi uma cena realmente linda, não vou dizer que foi fácil o parto porque demorou quase quatro horas, contudo, aguentei para chegar naquele momento, embora não tenha gravado o nascimento dele devido todo meu nervosismo.Não sa
Bruna MariaDois meses após a prisão do tio do meu marido, estávamos prontos para retornar para o Brasil. Meu cunhado foi embora dois dias depois do julgamento de Juliano. João e eu decidimos ficar um pouco mais no México e vovó Olivia permaneceu do nosso lado.Tudo estava maravilhoso sem aquele medo que nos cercava constantemente. Era hora de voltar para o Brasil porque não queria que meu filho nascesse no México, portanto, tínhamos que viajar quanto antes. A chegada de Miguel estava cada vez mais próxima e poderia acontecer a qualquer momento.Ajeitei meu cabelo um pouco mais na frente do espelho, antes de sair do quarto. Uma festa de despedida me aguardava. A família estava toda reunida. Eles amavam uma festa e com muita comida. Era ótimo estar do lado de uma família animada.— Você está muito linda! — meu marido disse, aproximando-se e beijando minha bochecha esquerda. — Todos estão ansiosos para ver você.Eles queriam mesmo me ver, afinal de contas, era a única grávida na família
João GonzalezA audiência do meu tio Juliano foi adiada quatro dias, todavia, saiu. Nossa família foi protegida dos repórteres pelos nossos seguranças. Dentro do tribunal de justiça ficamos todos ansiosos. Esperávamos de tudo naquele julgamento. Bruna Maria, sentou-se na primeira fileira de cadeiras ao lado de sua avó.Meu irmão e eu fomos intimados para testemunhar contra nosso tio. Na sala de espera para sermos testemunhas, Samuel suava bastante e retirou a gravata, pois disse que estava o sufocando.— Que hora vão nos chamar? O Julgamento começou! — resmungou, caminhando de um lado para o outro.— Tenta se acalmar ou vai acabar desmaiando! — comentei, preocupado que ele tivesse um troço.Não demorou nem mesmo dois minutos para chamarem meu irmão para depor. Ouvi seu depoimento e logo em seguida foi minha vez. Entrei na sala de audiência sentindo ódio. Vi meu tio Juliano com um sorriso cretino nos lábios. Respondi às perguntas do juiz e falei tudo que sabia.— O acusado Juliano Gonz
Bruna MariaNão pensei que nossa chegada ao México fosse tão esperada. Todos da família do meu marido se reuniram em nossa casa. Era como se fosse um enterro, porém, de um vivo no caso. Todos queriam falar algo sobre o ocorrido no Brasil. A família estaria toda no tribunal para a sentença de Juliano Gonzalez.— Ele telefonou para nossa casa para pedir que arrumássemos um ótimo advogado para ele. Fiquei incrédula no descaramento dele. Desliguei em sua cara e mandei ele para o inferno. — comentou a esposa de Juliano.— Logo ele conhecerá o inferno, tia. O que ele fez para nossa família não tem perdão. Dessa vez ele não vai se livrar nem usando todo o seu dinheiro para isso. — meu cunhado disse de cabeça erguida. Ele não queria demonstrar toda sua felicidade em respeito à sua tia e primos.— Pobrezinha da Teresa foi mais uma vítima de Juliano. Ela era uma senhora tão alegre e é assim que guardarei na minha memória como ela era. — uma senhora que não lembrara o nome disse com tristeza. El
João GonzalezDecidi fazer algumas compras no supermercado, enquanto caminhava com o carrinho de compras, pelos corredores, uma movimentação estranha, chamou bastante atenção. Não só dos meus seguranças, como de todos que estavam presentes. Para a minha surpresa, não demorou para que ouvíssemos tiros. O que me fez me abaixar, tentando me proteger. Pensei que fosse um assalto, porém, não era isso.Foi quando eu vi o meu tio Juliano, se aproximando que o meu corpo inteiro estremeceu. Ele estava no Brasil e diante de mim, talvez aquele fosse meu fim: ele estava apontando uma arma de fogo na minha direção. Engoli seco. Somente conseguia pensar na minha esposa e no meu filho.— Dessa vez, você não escapará, querido, sobrinho, tudo que você me fez passar até agora tem que acabar hoje! Eu não aguento mais ficar na situação que estou, a culpa disso tudo, é sua! — esbravejou, apontando a arma de fogo contra minha cabeça. Nunca senti tanto medo como naquele momento. Qualquer coisa que eu disses
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