Luca Bertolini é um homem de negócios e toda sua vida ele sempre foi direto em tudo, inclusive em suas relações pessoais. Apesar de evitar ao máximo precisar de outra pessoa, a morte de seu pai o força a buscar ajuda e ele acaba se envolvendo com sua secretária, uma pessoa que ele nunca respeitou. Carina Leone é uma secretária que teve uma vida muito dura antes de conseguir ser alguém que podia levantar a cabeça e lutar pelo que queria. Tudo foi difícil para ela, mas Carina nunca desistiu de um dia ser feliz. Diante de uma grande e nova dificuldade, ela precisa muito de um milagre para poder resolver e a única pessoa que pode ajudá-la é justamente seu chefe. Porém, ela nunca gostou dele, devido o modo rude e sem respeito com que ele a tratava. E ela tem que decidir se vai poder superar as diferenças entre eles ou vai continuar esperando por um milagre. Duas pessoas diferentes, com vidas muito diferentes e uma mesma necessidade. Ser amados, ainda que não saibam que é isso o que buscam.
Ler maisParte 1...
Eu estou cansado. Os últimos três meses foram bem cansativos, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
Meu pai morreu.
Eu já esperava, afinal, ele vinha lutando contra um câncer há mais de um ano e era muito agressivo. Foi tomando todo o seu corpo com uma rapidez que até a equipe médica ficou surpresa.
Tentaram todos os tratamentos possíveis, mas infelizmente meu velho não resistiu. Acho que posso dizer que isso foi bom para ele, de certa forma.
É melhor morrer e se libertar, do que viver com dor e sofrimento por anos, sabendo que uma hora tudo vai acabar. Acho que foi melhor assim, ele ter morrido.
Apesar de nossas diferenças e problemas, eu o amava. Ele era meu pai e foi o único que ficou depois da separação. Minha mãe apenas sumiu no mundo com um amante. Não parou um minuto para pensar em mim, apenas seguiu sua vida e me largou na casa de meus avós.
Quando meu pai soube disso ele voltou para o Brasil às pressas, mas nada pode fazer diante do abandono de sua esposa.
Eu ainda me lembro muito bem da cara de tristeza dele ao ir me buscar na casa de meus avós, que muito sem jeito, não conseguiam explicar porque minha mãe havia feito isso com ele. E comigo.
Mas, é assim a vida. E agora eu tenho que continuar a minha.
Depois do meio-dia eu tenho que ir me encontrar com Roberto para acertar o testamento que meu pai deixou. Creio que deva ser algo rápido e depois posso seguir em frente.
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Eu nem sei se posso dizer o que sinto mais. Se é raiva ou se é surpresa pela leitura do testamento.
Eu queria xingar, mas seria inadequado que fizesse isso ali, no meio da reunião com outras pessoas presentes, inclusive minha prima Diana que me olhava com um sorriso descarado naquele rosto entupido de maquiagem.
Tudo bem, me segurei. Eu posso controlar minhas emoções. Aprendi desde pequeno. Continuei ouvindo a leitura enquanto Roberto explicava cada coisa descrita ali.
Eu sabia que meu pai tinha um testamento, só não sabia que ele tinha colocado também minha prima nele. E nem faz sentido.
Claro, eu sei que ele tinha uma boa relação com ela, mas não pensei que iria me colocar em uma situação dessa.
Respirei fundo e ajeitei minha postura na cadeira, olhando direto para Roberto. Depois que ele encerrou a leitura, esperei que os outros presentes saíssem da sala e marquei com ele um encontro sozinhos em minha cobertura.
Eu não vou aceitar essa decisão assim, sem tomar uma atitude séria.
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Mais tarde na cobertura...
— Eu não vou aceitar isso, Roberto. Não tem cabimento.
Entreguei a ele um copo com uísque e gelo. Agora posso falar com calma e sem me importar se alguém vai ouvir.
A varanda aqui da frente é muito boa. Ampla, com um conjunto de cadeiras muito confortáveis e uma vista excelente do mar à minha frente. Lá embaixo o barulho dos carros passando de um lado para outro.
Creio que em algum ponto da orla deva ter um show acontecendo, porque dá para ouvir o som de uma banda tocando.
— Está seguro de que não pode mudar essa parte do testamento? - questionei Roberto, provando um gole de minha bebida.
— Infelizmente para você, estou sim - ele balançou a cabeça assentindo — Já dei uma olhada de trás pra frente depois que vocês saíram da reunião... Não tem como mesmo.
— Porra... Isso é um absurdo!
Me senti roubado por meu próprio pai. Era até ridículo que eu tivesse que obedecer uma vontade tão absurda como essa.
— Bem, eu não sei exatamente o que seu pai queria, mas acho que tenho uma ideia - ele girou o copo devagar na mão.
— Sei... E pode me esclarecer, por favor?
— Está óbvio que essa sua vida de solteirão não agradava a Leandro - ele fez uma cara de desaprovação — Sabe que ele sempre foi um homem que acreditou muito no casamento e prezava a família.
Eu soltei o ar devagar, me sentindo levemente irritado com isso.
— Pois é... Era tão a favor do casamento que se tornou um boneco nas mãos de minha mãe e acabou sendo abandonado - eu torci a boca em descontentamento — Isso sem falar na humilhação que foi, ter sido traído mais de uma vez. Foi um fraco.
— Ele amava sua mãe, Luca.
Eu dei uma risadinha.
— E de que adiantou esse amor? - tomei um gole grande da bebida gelada — Minha mãe nunca soube valorizar nada do que meu pai fazia por ela.
— Bem, você pediu minha opinião e eu acho que é por aí - ele de ombros.
— Vai ver que ele estava fora da sanidade mental, devido a doença que o consumiu.
— Nada disso, Luca - ele balançou a cabeça — O seu pai estava bem lúcido quando fez o testamento. E existem testemunhas. Tudo foi feito de acordo com o que a lei prevê - ele apontou o dedo para mim — E não reclame, eu sei fazer meu trabalho muito bem.
Eu sei que ele é um excelente profissional, senão eu não o teria como meu advogado, além de amigo. Mas essa questão está ridícula.
— Roberto, minha prima não tem porquê ficar com essa parte da herança. Meu pai já deixou até mais do que ela merece - puxei o ar fundo — Isso foi um erro dele.
— Olha, eu sei que você tem razão. Eu também não vou muito com a cara da Diana, mas é algo que não posso mudar - ele gesticulou — Se você quiser ficar com a propriedade, vai ter que fazer o que manda o testamento de Leandro.
Parte 3... Ele pediu licença e saiu para ler a carta sozinho. Fiquei cuidando das coisas, dando atenção aos nossos amigos e familiares.Gorete estava conversando com os pais de Diana e aproveitei para contar a eles sobre a novidade. Recebi abraços e beijos e Gorete ficou emotiva, mas consegui impedir que caísse no choro, mesmo sendo de felicidade.Depois de um tempo decidi ir atrás de Luca. Ele ainda não tinha retornado. Espero que não tenha sido nada de ruim na carta. O encontrei sentado na poltrona grande na sala de tevê, com a carta aberta nas mãos.— Luca, tudo bem?Me aproximei por trás dele e apertei seus ombros de leve.— Parece até que foi combinado... Sabe o que meu pai diz na carta?— O que é? - sentei no encosto de braço ao lado dele.— Ele repete que me ama e diz que espera que agora eu já esteja feliz, com meu filho no colo, como ele fazia comigo... E que eu o crie aqui na propriedade - ele fungou e suspirou — E que eu seja muito apaixonado por minha mulher, que fique mo
Parte 2...— Obrigado esposa - me deu um beijo na testa — Mais tarde você vai poder abusar desse corpo que é só seu - piscou.Eu ri. Luca se mostrava carinhoso e divertido. De vez em quando ele ficava rabugento quando ela assunto de trabalho e ele tinha que viajar para resolver.Desde que nós casamos que ele mudou uma parte do escritório para cá, mas de vez em quando Sueli precisa da presença dele na sede e ele tem que se deslocar. o que faz sempre com reclamações.Por Luca não sairia daqui. Ele realmente tem um pé nesse chão e acho que agora está retomando a vida que tinha planejado antes, mas que estava demorando a acontecer.E eu fico feliz de estar ajudando.— Eu te amo, senhora Bertolini.— Eu sei que ama - me esfreguei contra ele, que sorriu malicioso — E eu não gosto de você - ele ergueu uma sobrancelha e fez uma cara de susto — Hoje eu posso dizer com toda certeza que eu te amo - me declarei.Ele sorriu de uma forma linda e me apertou, me rodando nos braços.— Repete! E alto d
Parte 1...* CarinaTem dois dias que Luca saiu para uma viagem. Estou quase terminando de arrumar o quarto de visita para Diana. Dessa vez ela está vindo com um namorado novo.Quando estivemos todos juntos aqui na última vez, foi muito emotivo para todos nós, em especial para Luca. Meu marido.Essa semana vai ser a comemoração de um ano de casados. E os tios dele já estão aqui com a gente. Gorete também.Gorete mora no casarão ao lado do castelo. Ela preferiu. Disse que está tão velha e cheia de doenças que podemos acabar confundindo ela com uma das decorações espalhadas pelos corredores do castelo, como as armaduras antigas medievais. Ela sempre tem algo assim a dizer e o Luca apenas concorda com tudo o que ela fala.Eu já disse que ele é puxa-saco dela, mas ele diz que não. É apenas porque ela está sempre certa.Eu acho bom e engraçado ao mesmo tempo. E entendo que ele colocou Gorete como uma substituta do pai dele. Ele dá a ela toda a atenção que não deu ao pai em vida, como uma
Parte 3...— Isso é bobagem, Luca. Sua prima me contou que ele achava que você tinha mágoa dele - passei os braços por seu pescoço — Os dois perderam tempo. Deveriam ter sentado para conversar e entender mais o que o outro sentia. A gente não pode só fazer uma ideia de algo sem antes ter certeza do que pensamos.— Eu sei - a voz dele falhou um pouco.— Será que você não está confundindo as coisas de novo? Ter voltado até aqui, as recordações, depois Diana aparecendo com o amigo corretor... É muita pressão.— Não! Eu sei viver sob pressão, Carina. E eu sei diferenciar as coisas. Não me tome como um tolo que se deixa influenciar.— Não estou dizendo isso, Luca. É só... Bem, amor é algo muito sério e você diz que me ama, mas nós somos de mundos diferentes. Agora que eu estou tendo a oportunidade de viver coisas que só via nos filmes. Tudo aqui é maravilhoso pra mim, mas pra você é comum.— Carina, quando você viu o dinheiro na sua conta, você mudou?— Claro que não - eu ri — É só dinhei
Parte 2...Eu ergui as sobrancelhas. Não esperava por essa agora cedo. Eu sei que nós temos um plano a seguir e que poderia terminar em um casamento, a depender do que Diana iria fazer, mas essa ideia nova de casar aqui?— Mas, porque essa ideia agora, Luca? Se fosse mesmo haver um casamento, isso não seria mais para a frente?— Não tinha uma data para ocorrer - ele segurou minhas mãos — O contrato não especifica isso. Eu só acho que já que começamos, o melhor é dar continuidade.Eu sinto que tem algo por trás dessa proposta nova. Sei que ele vira e mexe tem suas ideias e nem mesmo avisa antes, apenas informa que vai fazer e pronto.— Luca... Você está preocupado porque Diana trouxe o amigo dela, que é corretor? Acha que ela está planejando vender a propriedade, caso consiga ficar com tudo?Ele fez uma cara de dúvida, mas acho que tem mais ainda.— Eu não sou um cara tão complicado, sou? - ele parecia preocupado — Tipo assim... Sei que sou um chefe chato e até abuso de meu direito, ma
Parte 1...* CarinaEu dormi muito bem ontem, mas levei um tempo pensando, enquanto ouvia a respiração de Luca ao meu ouvido. Meu coração estava batendo forte enquanto ficava abraçada a ele.Eu sei que temos algo parecido em nosso passado, mas tivemos um caminho diferente e apesar de me sentir ligada a ele, com essa intimidade e essa amizade que surgiu, eu ainda não sei se teremos um futuro mesmo. Eu sei que não vou poder voltar a trabalhar para ele como sua secretária. Seria estranho depois de ter um noivado e possivelmente teremos que manter a farsa de um casamento por um tempo, já que Diana quer mesmo a posse da propriedade para ela.Só que aí que fico apreensiva. Eu estou gostando do Luca mais do que o normal. E justo ele, que vira e mexe me fazia raiva no trabalho. Que ironia. Agora estamos entrando na vida um do outro e sem esforço nenhum. Quem diria.Vejo Diana se aproximar. Ela está ao celular e não vi seu amigo Natan. Nem sei onde está o Luca. Quando acordei ele já tinha saí
Último capítulo