Fernanda Castellane:
A manhã nasce preguiçosa, arrastando luz suave pela janela da cozinha. O cheiro de café recém passado mistura-se ao da massa assada sobre o balcão.
Continuo mexendo lentamente com a colher de madeira a calda de chocolate na panelinha para que ela esfrie mais rápido.
Uma das sensações que ele me causou ainda permanece, como se algo em mim finalmente tivesse despertado, e agora, exige por mais.
Tento me concentrar no som do mar, manter minha mente focada em outra coisa, mas nada funciona. O café, o bolo, a calda. Nada é capaz de tira-lo na minha mente, nada é capaz de me deixar em paz.
Meu corpo ainda lembra.
Ainda pulsa.
A primeira noite com Pietro me marcou de uma forma que eu não sei nomear. A língua dele, as mãos, a forma que ele me segurou como se eu fosse mais leve do que o ar... tudo isso me acompanhou a noite inteira.
Ou teria acompanhado, se ele tivesse ficado.
Agr! Mesmo com o dia já amanhecido, o gosto amargo ainda está em minha boca. A forma carinhosa co