CAPÍTULO 3– traída

8 meses depois, eu estava trabalhando em um bar restaurante, e para conseguir pagar todas as contas e ainda economizar para minha filha que estava a caminho, tinha de trabalhar no restaurante durante o dia, e no bar da noite até a madrugada. Mas tudo valia a pena por minha filha.

Antes eu pensava que a minha bebê seria um fardo, mas agora ela era a minha força de continuar em frente, era por ela que eu ainda estava de pé mesmo depois de todos os golpes que eu tinha levado, e era por ela que eu continuaria.

–Pedido da mesa dois!– Gritou a mulher no balcão.

Terminei de limpar a mesa, recolhi os pratos, logo fui até o balcão pegar o pedido indo deixar na mesa.

–Hey garota, aqui!– Chamou um homem sentado na outra mesa e prontamente fui o atender.

–preciso de mais água aqui!– gritou outro cliente e corri até a cozinha indo pegar a água.

Era hora do almoço, a pior hora para ser a única garçonete num bar restaurante próximo de uma grande construção. Todos os trabalhadores da construção comiam e bebiam ali. Uma vantagem para o dono, mas uma desvantagem para os funcionários.

O dono do restaurante se recusava a contratar mais funcionários, dizia que podíamos dar conta já que era um restaurante em um vilarejo, e que funcionava com apenas 3 funcionários, uma cozinheira, uma garçonete que era eu, e um garoto que lavava a louça e ajudava a limpar. E ainda dizia que se contratasse outros funcionários, cortaria nosso salário ao meio.

Então, apenas ficávamos calados pois todos ali precisávamos de cada centavo daquele dinheiro.

–Hey garota, descanse um pouco e venha comer.– disse a cozinheira.

–Já vou, só vou terminar essa mesa.– Terminei de limpar a última mesa e suspirei exausta sentindo meus pés Inchados pulsarem.

A hora do almoço já tinha terminado, e o restaurante estava quase vazio aguardando o anoitecer quando o bar ficava lotado de bêbados grosseiros e abusados. Mas eu já estava acostumada, era só manter a calma e manter o emprego, pois ninguém mais contrataria uma grávida prestes a dar a luz.

Caminhei até a cozinha e vi o olhar da cozinheira de meia idade sobre mim, o olhar de pena que ela sempre me dava, uma compaixão feminina, como se já tivesse passado pelo que eu estava passando.

Peguei um prato e fui até a cozinheira que me serviu enchendo meu prato mais que o normal, e olhei surpresa para ela.

–Você precisa se alimentar garota, está por aí andando de um lado para o outro com essa barriga desde que chegou. Sabe que aqui não tem plano de saúde então se alimente direito que você já está parecendo um palito com uma batata no meio.– disse ela fingindo indiferença.

Aquele era o jeito dela de ser gentil e demostrar preocupação.

–Muito obrigada dona Matilde–

Peguei meu prato e fui me sentar na mesa da cozinha começando a comer, tinha de ser rápida pois logo começaria a hora do jantar e o restaurante voltaria a ficar cheio.

–Você atende no restaurante durante o dia, e no bar durante a noite, Por que você trabalha tanto assim? Você está grávida com toda essa barriga que parece que vai nascer a qualquer hora.– perguntou o rapaz que lavava a louça

–Bom, eu vou precisar sustentar o meu bebê–

–E o pai? Onde está? Ele é quem deveria estar trabalhando para sustentar você e o bebê, e não o contrário. Não me diga que arrumou um folgado ou um desses que engravidam e saem correndo–

Baixei a cabeça parando de comer ao ouvir as palavras dele, afinal, aquele era o meu caso. Mas ainda assim, eu não conseguia culpar Leonardo completamente, eu não sabia nada dele, talvez algo tivesse acontecido com ele e por isso ele não tinha voltado. Aquela era a esperança vã em que eu me agarrava pois mesmo depois daqueles meses, eu ainda não conseguia acreditar que ele seria capaz de fazer algo assim comigo.

–Seu Muleke!– a cozinheira bateu com o rolo na cabeça do rapaz. –isso não é da sua conta, termine de lavar logo que ainda temos o jantar para servir–

A cozinheira voltou a olhar para mim com aquele olhar que me fazia lembrar do olhar da minha falecida avó. A morte da minha avó era Outra consequência que carregava em minha consciência. Depois que voltei para casa após ser expulsa da faculdade e com um bebê sem pai em minha barriga, a pressão dela caiu, ela ficou na cama por alguns dias, e então morreu, morreu pelo desgosto que eu tinha me tornado para ela.

Naquela noite, depois da hora do jantar comecei a trabalhar no bar como sempre, o dono atendia no balcão e administrava o caixa, e eu servia as mesas.

E enquanto eu carregava uma bandeja cheia de copos de cerveja pelo salão, um homem esbarrou em mim me derrubando no chão.

Tentei proteger minha barriga ao máximo, e os copos todos quebraram derramando a cerveja em meu corpo.

–Sua garota inútil, veja por onde anda!– esbravejou o homem bêbado e passou por mim.

Apertei minha mão sobre meu ventre sentindo uma dor intensa nela, certamente causada pelo impacto, Estava caída de lado e o impacto acabou atingindo minha barriga.

–Hey, levante e limpe essa bagunça, e vai sair tudo do seu salário.– disse o dono do bar ao me ver jogada no chão e com dor.

Tentei ignorar e suportar aquela dor, me levantei, peguei os cacos de vidro os colocando na bandeja não me importando com os cortes que eles faziam em meus dedos, e fui até a cozinha onde joguei tudo na lixeira, mas logo a dor em meu ventre se intensificou ainda mais.

–Aah!– gemi de dor com os olhos fechados, apoiei minha mão na parede, e levei a outra até a base de meu ventre o segurando, e logo abri os olhos em desespero ao sentir algo quente escorrer em minhas pernas.

Sangue.

Desesperada, juntei todas minhas forças e caminhei de volta ao bar me arrastando apoiada as paredes até chegar ao balcão onde estava o dono.

–S-Senhor Alberto, eu... Eu não estou me sentindo bem.– pedi com a voz falha enquanto sentia a dor ficar cada vez mais intensa.

–E o que você quer que eu faça? Eu pareço um médico para você?– Respondeu ele de forma grossa e indiferente.

–e-eu preciso ir ao hospital, o meu bebê...–

–aah por Deus! De novo com essa história de gravidez e sei lá o que? Você está fazendo corpo mole isso sim, eu sabia que não deveria ter contratado uma garota grávida inútil. abrem as pernas para qualquer um e depois são abandonadas grávidas, ser burra da nisso.– esbravejou ele e eu apenas pude me contorcer tentando aguentar a dor.

–Ande logo sai daqui! não quero que dê a luz no meu bar, e essa noite vai ser descontada do seu salário–

Não esperei mais, peguei minha bolsa e sem tirar o avental ou a roupa encharcada de cerveja, caminhei arrastando meus pés até a saída do bar.

Olhei para os dois lados e toda estrada estava deserta sem nenhuma possibilidade de ônibus ou táxi. Eu teria de andar até o hospital que ficava há 30 minutos a pé dali.

Suspirei para suportar a dor, e comecei a caminhar, Mas antes que me afastasse do bar, ouvi uma voz me chamar.

–Esta tudo bem? Precisa de ajuda?–

–O meu carro está logo ali, quer que eu te leve a algum lugar– ele ofereceu olhou para minha barriga que eu segurava, logo olhou para meu rosto que tinha suor e lágrimas de dor.

–Céus! Você está prestes a dar a luz? Vamos logo, eu levo você ao hospital.– Ele disse em tom preocupado e jogou o cigarro fora.

Era arriscado aceitar caronas de estranhos principalmente a aquela hora, mas eu não tinha outra opção, a dor era tanta que com Certeza eu não chegaria ao hospital caminhando sozinha. Então, aceitei a carona e ele me ajudou a caminhar até a camionete dele que estava ali perto.

Assim que chegamos ao hospital, logo fui atendida pela médica que cuidava de mim e da minha gravidez, ela já sabia das complicações da minha gravidez então providenciou o meu atendimento imediato, e conseguiu me estabilizar como sempre. Eu devia a minha vida e a vida da minha filha a ela, e nunca seria capaz de pagar tudo que ela tinha feito por mim desde que descobri que minha gravidez era de risco.

Após ser atendida, fui levada numa maca até o quarto comum onde tinham mais 7 pacientes.

Eu apenas olhava para parede branca do hospital. Não estava pensando em nada específico, apenas contemplando minha miséria.

–Julia.– ouvi a voz da médica que se aproximou e se sentou na porta da cama me encarando com o olhar preocupado e de pena.

Eu apenas baixei o olhar já sabendo o que ela diria.

–Eu já disse para você tomar mais cuidado, para descansar e não se cansar, mas pelo que vejo você não está seguindo com as recomendações, o seu caso é grave e fica cada vez mais grave, ainda mais no final da gravidez. Eu sei que você precisa trabalhar, mas se está trabalhando para sua filha, de que vai adiantar todo esse trabalho e sacrifício se no final você perder ela?–

"Perder a minha filha?" Ao ouvir aquelas palavras apertei os lençóis com medo e uma lágrima me fugiu. Minha filha era tudo que eu tinha, eu já não tinha mais ninguém, nem minha avó, nem Leonardo, ela era a única lembrança da época em que fui feliz, e tinha esperanças e sonhos na vida.

A médica suspirou. –Descanse aqui esta noite, eu vou ficar de olho em você, e se estiver melhor, amanhã eu vou dar uma alta e vou passar um atestado para o seu chefe! Você tem de ficar em repouso até o dia do parto, entendeu?– disse ela como uma mãe dando bronca em sua filha teimosa.

Apenas confirmei com a cabeça e mais lágrimas caíram de meus olhos. –Muito obrigada Doutora–

Ela sorriu terna para mim, e passou a mão em meus cabelos num gesto carinhoso.

–descanse–

Vi ela sair e apenas a encarei pensando em como seria ter uma mãe que cuidasse de mim naquele momento. Eu não pude ter uma, mas a minha filha com certeza teria. Eu cuidaria dela e não deixaria que nada acontecesse com ela, protegeria ela com minha vida.

Levei a mão até meu ventre ainda levemente dolorido o acariciando, enquanto tentava dormir, mas logo ouvi algo na TV que chamou minha atenção.

"Os grupos Almonte e Mendes anunciam a sua fusão após o casamento entre os filhos, Leonardo Almonte, e Carla Mendes após o anúncio da chegada da primeira filha do casal"

Ao ouvir aquele nome, rapidamente me virei olhando para pequena TV na parede do hospital, e meu coração deu uma forte e dolorosa batida ao ver o homem parado ao lado da mulher grávida acenando para todos em seu terno carro, porte de herdeiro importante, vários guarda-costas a volta dele, e a mão dele segurando a base das costas da mulher grávida ao lado dele, ajudando ela a descer as escadas cuidadosamente.

Eu não podia acreditar no que estava vendo....

"L-Leonardo?"

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