Mike sempre fora um homem de poucos impulsos, observador mais do que falante, um tipo calmo que confiava na razão antes da emoção. Mas algo estava diferente com Yanika. Ele sentia, mesmo sem saber exatamente o quê.
Nas últimas semanas, algo a tornara distante, fechada, evasiva. As mensagens demoravam a responder, as ligações eram curtas, e ela parecia sempre cansada, com um peso que não conseguia esconder.
Ele tentou ao máximo não invadir o espaço dela, respeitar seu silêncio, mas o instinto gritava dentro dele que algo estava errado.
Todas as noites, depois de colocar os filhos para dormir — dois pequenos travessos que exigiam toda sua atenção — Mike se sentava no sofá, olhando o telefone, hesitando em ligar para Yanika.
Numa noite em que Younha estava viajando, ele terminou de dar o leite das crianças, as embalou para dormir, e quando estava pronto para relaxar, ouviu o som da campainha.
Surpreso, levantou-se. Não esperava visitas.
Ao abrir a porta, encontrou Yanika, com o rosto inc