Ela estava ali, bem no meio da cozinha, como se morasse aqui. Quer dizer, tecnicamente morava, mas ainda assim... soava errado. Ela usava um short minúsculo. Tipo minúsculo de verdade. Daqueles que, se ela se curvasse, eu quase veria o útero.
Combinava com uma regata branca colada nos peitos turbinados, como se o tecido estivesse implorando por socorro.
As pernas, bronzeadas e definidas. O cabelo, com cara de quem acordou às cinco da manhã para ser atendida por um time de cabeleireiros.
Tipo, minha senhora, quem aparecia assim às oito da manhã? Você acabou de sair da reabilitação. Não era pra estar de moletom, comendo cereal direto da caixa? Talvez repensando suas decisões de vida?
Mas não.
Ela brilhava. Daquele jeito que só o Botox proporciona. Tipo "Oi, sou mãe gostosa e sei disso". E no segundo em que me viu, aquele sorriso falso esticou tanto o rosto que achei que a pele fosse rasgar.
— Oi, querida! — Disse ela, com aquele tom doce e forçado que fez minha pele arrepiar. — Bom dia!