Capítulo 6
Não sei por quanto tempo fiquei caída no chão.

A dor vinha em ondas implacáveis, cada uma como se uma adaga de prata rasgasse minha alma.

O suor frio encharcava minha camisola, e meu corpo tremia sem controle.

Era o fim. O vínculo de companheiros estava se rompendo de vez.

Aos poucos, a dor começou a ir embora.

Com enorme esforço, apoiei-me na borda da cama e consegui me sentar.

O pior tinha passado.

Olhei o celular. Eram 15h.

Faltavam doze horas para o meu voo.

Quando estava prestes a me levantar, um sinal de conexão mental desconhecido atravessou minhas defesas.

Não era Rocco. Era Marcus, o Beta dele.

— Alfa, você precisa voltar agora para resolver o IPO! — A voz ansiosa de Marcus ecoou em minha mente.

Isso era raro. Marcus sempre fora tão composto; devia ter se ligado a mim por engano.

— O Alfa Damon da alcateia Blackwood chega amanhã! Se não garantirmos esse investimento, a empresa está acabada!

Damon.

O nome me despertou por completo.

Meu prometido.

Percebendo meu silêncio incomum, Marcus pareceu se dar conta do erro.

— Luna? Me perdoe por incomodá-la. Não consigo contato com o Alfa, e é uma emergência real…

— Ele está no hospital. — Respondi com calma. — Com Scarlett.

— O quê? Agora? — A voz de Marcus soou incrédula. — A empresa está à beira da falência, e ele ainda…

— Deve contatá-lo diretamente. — Cortei o elo.

Poucos minutos depois, senti Rocco aceitar a conexão mental de Marcus.

A conversa me chegou em fragmentos — nosso vínculo estava se partindo, mas ainda não havia desaparecido por completo.

— Droga, eu sei. — A voz exausta de Rocco murmurou. — Me dê duas horas.

— Alfa, mais uma coisa. A Luna Caterina enviou um pedido de socorro ontem à noite. Você não recebeu?

Houve uma pausa do outro lado.

— Não recebi mensagem nenhuma. — Disse Rocco, frio. — Provavelmente ela só está sendo dramática.

Então ele havia recebido meu chamado.

Apenas escolhera ignorá-lo.

Uma risada amarga escapou dos meus lábios.

Abri minha própria conexão mental contatando Rocco diretamente.

— É bom ter uma maldita explicação, Caterina. — Rosnou ele. — Por que mandou atacar Scarlett?

Congelei.

— O quê?

— Não se faça de inocente! — Rugiu. — Aqueles renegados estavam claramente atrás da Scar. Já confessaram.

— Rocco, eu não—

— Chega! — Cortou-me. — Nunca imaginei que pudesse ser tão cruel. O ciúme a deixou irreconhecível!

— Eu disse que não fui eu. — Respondi, fraca. — Esta manhã desmaiei. Chamei você. Juro que pensei que fosse morrer.

— Pare com o teatro. — Ele zombou. — Estou cansado dos seus joguinhos, Caterina.

Fechei os olhos, sentindo o último fio de esperança morrer dentro de mim.

— Hoje à noite. Oito horas, sob o loureiro. — Disse, reunindo minhas últimas forças. — Vamos acabar com isso onde tudo começou.

— Acabar? — A voz de Rocco carregava escárnio. — Caterina, você realmente acha que pode me deixar?

— Esteja lá ou não. A escolha é sua.

— Eu estarei. — Disse, o tom suavizando levemente diante da minha firmeza. — Mas Caterina, seja lá qual joguinho você esteja tentando, nós podemos superar juntos…

— Rocco… o médico disse que preciso descansar. Vai ficar comigo? — A voz melosa de Scarlett interrompeu do outro lado.

— Claro, querida. Já volto. — Ele murmurou, carinhoso, esquecendo completamente que eu ainda estava do outro lado da conexão mental.

Passei as horas seguintes finalizando meus preparativos.

Apaguei todos os contatos do celular que me ligavam a esta cidade.

Às sete e meia, puxei minha mala até a porta.

O ar da noite estava fresco, e a lua cheia brilhava intensa.

Exatamente como na noite em que nos marcamos, seis anos atrás.

Rocco já me esperava sob o loureiro.

Seu rosto caiu assim que viu minha mala.

— Caterina, o que pensa que está fazendo?

— Dizendo adeus. — Respondi de forma firme.

— Adeus? — Ele zombou. — Para onde está indo?

Não respondi. Apenas tirei da bolsa o Documento de Rejeição já assinado.

— Só estou lhe entregando isto. Depois, estaremos terminados.

Os olhos de Rocco se arregalaram em pânico ao ler o título.

— Caterina, você enlouqueceu? Eu sou seu Companheiro, seu Alfa!

— Meu Alfa jamais teria ignorado meus pedidos de ajuda. — Falei, encarando-o diretamente. — Meu Companheiro jamais teria me tratado como substituta.

— Eu não…

— Não. — Cortei. — Você sabe exatamente o que fez.

Rocco ficou em silêncio por um longo tempo antes de finalmente pegar o documento.

— E se eu não assinar?

— Abra e veja, Rocco. — Disse friamente. — Você já assinou.

— O que significa que acabou.

Uma última dor dilacerante atravessou meu peito.

E então… nada. O vínculo se rompeu.

Virei-me, arrastando a mala atrás de mim, e caminhei em direção ao aeroporto sem olhar para trás.
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