Capítulo 5
— É tradição da alcateia. — Menti com suavidade. — A marca é purificada antes de um aniversário para fortalecê-la.

Faltavam três dias para minha partida.

Mentir para Rocco estava se tornando assustadoramente natural.

Ele me encarou, os instintos de Alfa gritando que algo estava errado.

— Olhe nos meus olhos, Caterina. — Disse ele, aproximando-se da cama. — Você está mentindo.

Encarei-o sem vacilar.

— Rocco, não tenho motivo para mentir.

Ele colocou o papel sobre o criado-mudo e sentou-se lentamente na beira da cama.

Não insistiu no assunto.

— Venha cá. — Disse, suavizando a voz enquanto abria os braços. — Quero te abraçar.

Obedeci, permitindo que me puxasse para dentro de seus braços.

Ele me envolveu com força, o queixo repousando no topo da minha cabeça.

— Caterina, eu te amo. — Murmurou na escuridão, a voz incrivelmente suave. — Você é a minha única Luna, a coisa mais preciosa da minha vida. Não importa o que aconteça, eu nunca vou deixar você partir.

— Quero que se lembre disso.

Ele sussurrava as palavras certas, e seu peito ainda guardava o calor familiar que eu conhecia tão bem.

Mas meu corpo estava rígido, e meu coração era uma pedra.

Rocco não sentia o calor que esperava do nosso vínculo.

Antes, sempre que ele me abraçava assim, eu me derretia, com pequenos gestos e suspiros que mostravam o quanto o amava.

Agora, não havia nada.

Apenas distância e resistência.

E quanto mais ele se aproximava, mais forte era o impacto da rejeição. Eu sabia que ele estava sofrendo.

Tanto física quanto mentalmente.

— Caterina? — Ele se afastou, procurando meu rosto com olhos aflitos. — O que há com você? Por que parece tão distante?

— Não estou. — Respondi friamente. — Estou bem aqui, meu amor.

Nesse momento, uma chamada frenética irrompeu pelo elo mental.

— Alfa! Emergência! — Era a voz apavorada de Beta Marcus.

Rocco franziu o cenho e aceitou a chamada.

— Scarlett foi atacada por renegados durante a caçada! Ela está gravemente ferida! — Marcus quase gritava. — Perdeu muito sangue e está inconsciente. Os médicos dizem que é crítico!

A cor desapareceu do rosto de Rocco.

O pânico cru e a angústia de alguém temendo pela vida de quem ama estavam estampados em suas feições.

Dez vezes mais intensos do que quando eu mesma havia me ferido.

— O quê? Como ela encontrou renegados? — Exigiu, levantando-se da cama num pulo. — Onde estavam os outros? Os guardas?

— Os Renegados estavam atrás dela. Parece ter sido um ataque planejado. Todos os guardas ficaram gravemente feridos. Ela é a única que…

— Já estou indo!

Rocco já vestia as roupas às pressas, os movimentos frenéticos.

— Caterina, Scar está em perigo. Preciso ir vê-la. — Disse, ajustando o cinto, a voz carregada de urgência.

— Vá. — Respondi com calma.

Ele hesitou, claramente abalado com a minha reação serena.

Antes, só de ouvir sobre eles sozinhos, eu teria mergulhado num turbilhão de ansiedade.

— Voltarei em breve. — Disse, parando na porta. — Espere por mim.

— Está bem.

Depois que a porta se fechou, ouvi-o correndo pela sala.

Poucos minutos depois, o som do motor rugiu e desapareceu na distância.

Levantei-me da cama e caminhei até a janela.

Ao ver as lanternas traseiras sumirem na noite, senti uma estranha sensação de paz.

Sem raiva, sem ciúme. Nada.

Apenas o alívio silencioso de estar finalmente livre.

Nos dois dias seguintes, fiz meus preparativos finais.

Telefonei para o advogado para confirmar a divisão dos bens.

Enviei uma mensagem à minha mãe, dizendo que logo estaria em casa.

Empacotei os portfólios de design da estante, um por um.

As últimas roupas do armário foram dobradas e colocadas na mala.

Seis anos da minha vida, completamente apagados.

No terceiro dia — nosso aniversário de vínculo e o dia que eu havia escolhido para partir — acordei às cinco da manhã com uma dor lancinante.

Meu peito parecia estar sendo rasgado. Cada respiração era um novo corte de faca.

Era isso. A agonia final da quebra do vínculo.

A bruxa Sage havia me alertado que a rejeição forçada traria um período de dor insuportável.

Era a última chance oferecida pela Deusa da Lua: se os companheiros se reconciliassem, o vínculo poderia ser salvo.

Cerrei os dentes, suportando enquanto o suor frio encharcava minha camisola.

A dor aumentava até minha visão começar a se turvar.

Eu estava perdendo a batalha.

Com as mãos trêmulas, consegui forçar uma conexão mental até Rocco.

— Rocco… dói… pode, por favor, voltar?

A mensagem ecoou no vazio.

Silêncio. Nenhuma resposta.

Outra onda de agonia me atingiu, e finalmente desabei no chão.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP