Capítulo 3
Às duas da manhã, Scarlett me enviou fotos.

A primeira: Rocco ajoelhado na praça em frente ao prédio de seu escritório, segurando um buquê de rosas brancas e olhando com devoção para a fachada iluminada.

A segunda: a silhueta dos dois correndo sob a lua, ela com um vestido branco, ele a perseguindo.

A terceira: um flagrante daquela mesma tarde, os dois se abraçando em seu escritório.

Coloquei o celular de lado e caminhei até a janela.

À distância, a torre comercial ainda se iluminava, o espetáculo repetindo-se em um ciclo interminável.

Então era isso.

O que meus colegas acreditaram ser uma "surpresa de aniversário" era, na verdade, a declaração pública de amor de Rocco por Scarlett.

Peguei o celular novamente e respondi apenas: [Parabéns.]

Depois, bloqueei o número dela.

Oito dias até o meu voo.

Na manhã seguinte, recebi uma mensagem coletiva do assistente de Rocco:

[O Alfa participará de uma competição de caça entre alcateias durante cinco dias. Ele ficará incomunicável.]

Cinco dias.

Tempo suficiente para resolver tudo.

Liguei imediatamente para uma empresa de mudanças.

— A senhora deseja levar tudo? — Perguntou um dos carregadores.

— Tudo o que for meu. — Respondi, apontando para as caixas já empilhadas. — É só isso.

Seis anos de relacionamento, reduzidos a uma dúzia de caixas de papelão.

A ironia tinha um gosto amargo.

— E quanto aos móveis e à decoração? — O homem insistiu, indicando o sofá e as fotos na parede.

Olhei para cada peça que um dia escolhi com tanto cuidado, cada detalhe que carregava minhas esperanças de construir um lar.

— Deixem.

Aquelas coisas pertenciam a "nós".

E, agora que "nós" já não existia, não tinham mais sentido.

Quando o caminhão partiu, permaneci no apartamento vazio por um instante, absorvendo a cena.

Depois, fechei a porta e fui embora sem olhar para trás.

Nos dias seguintes, hospedei-me em um hotel no centro e cuidei dos meus assuntos.

Separei contas bancárias, mudei beneficiários de seguros, encerrei contratos.

No quarto dia, estava no escritório do meu pai, revisando os últimos detalhes da aliança matrimonial, quando recebi uma ligação de Jessica, a recepcionista da empresa de Rocco.

— Luna Caterina, chegou um pacote para a senhora. Como não estava em casa, o entregador trouxe até o escritório. — Disse, sua voz vibrando de entusiasmo. — É uma caixa enorme e belíssima!

Franzi o cenho. — O que é?

— Tem o brasão da alcateia Blackwood. Deve ser algo muito importante. Como o Alfa não estava, ninguém ousou mexer.

A alcateia Blackwood?

Deveria ser a roupa cerimonial da nova Luna.

— Entendi. Obrigada.

Ao desligar, uma sensação de presságio me envolveu.

Se Rocco visse aquela veste…

E, de fato, naquela mesma tarde, recebi uma ligação dele, carregada de fúria.

— Caterina! — Rugiu, a raiva Alfa tão densa que eu a sentia pelo telefone. — Traga essa sua cara até meu escritório. Agora!

O som de coisas quebrando ecoava ao fundo — ele estava destruindo o escritório.

Olhei para o relógio. Faltavam quatro dias para o meu voo.

— Tudo bem. Estou a caminho.

Empurrei a porta do escritório de Rocco com força, fazendo-a bater contra a parede.

Ele estava de costas para mim, diante da imensa janela, emanando uma aura perigosa.

Sobre a mesa, a caixa branca e refinada havia sido rasgada. Dentro, repousava a veste de Luna: seda azul profundo bordada em prata, com luas e estrelas cintilando à luz.

Era uma veste usada apenas nas cerimônias mais sagradas de coroação de uma Luna.

— O que é isso? — Rocco se virou lentamente, os olhos ardendo em cólera. — Uma veste de Luna? Não finja ignorância, Caterina. Quem é ele? Qual Alfa acha que poderia me substituir?

Mantive-me serena. — Isso não tem nada a ver com você.

— Nada a ver comigo? — Ele zombou. — Então para quem pretende usá-la? Para aquele tal Damon?

O nome pareceu empurrá-lo para o limite.

Avançou em minha direção, cada passo pesado com a autoridade absoluta de um Alfa.

— Acha que arranjar um substituto me ameaça? Caterina, você é tão ingênua.

Ele rosnou.

— Estou dizendo que ele jamais aceitaria uma mulher já marcada por outro Alfa. Nem que você estivesse nua diante dele!

Não respondi. Apenas o encarei.

Até então, esse homem acreditava que tudo o que eu fazia era uma tentativa desesperada de reconquistá-lo.

— Quem você pensa que é? — Rocco avançou ainda mais, sua presença Alfa esmagando como um peso físico. — Sem a minha permissão, sem a bênção dos Anciãos, você nunca estará com outro homem! Você me pertence!

Sua voz desceu a um rosnado baixo, perigoso:

— Acha que pode brincar comigo, Caterina? Você se meteu em um jogo grande demais para você.
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