34. Metade de Mim
Caroline Hart
A batida da música ecoava baixinho pelo rádio velho da cozinha, e, pela primeira vez em dias, meu corpo se permitia relaxar após toda aquela loucura.
A colher de pau virou microfone. A frigideira, tambor improvisado. E eu, com a camiseta larga, meu avental e o cabelo preso de qualquer jeito, dançava entre a bancada e o fogão como se ninguém estivesse vendo.
Ou se importando.
Minha cantora favorita, Lana Del Rey, tocava no rádio.
Meus pés deslizavam pelo chão, os ovos quase queimando na frigideira, como se aquela cozinha fosse minha.
E eu nem ligava. O que importava era que, naquele instante, eu não era a mulher fugindo do passado. Nem a humana cercada de segredos sobrenaturais.
Eu era só Caroline. Livre por alguns minutos.
Até ouvir o pigarro.
"Bom dia…"ele pigarreou."
Virei devagar, o rosto pegando fogo antes mesmo de ver quem era.
Damon estava encostado no batente da porta.
Braços cruzados.
Sobrancelha erguida.
E um sorriso torto brincando no canto da boca.
"Eu… esta