Minhas mãos suavam frio. A proximidade entre nós estava me deixando tonta.Saí daquele terraço com raiva. O ar gelado do corredor não aliviava o calor que ele deixava no meu corpo.Me recostei contra a parede de pedra, tentando controlar a respiração. Ele tinha me encurralado, quase como se estivesse marcando território. Mas por quê? Ele nem gostava de mim. Ou gostava?A vibração do celular me despertou. Para minha surpresa, havia sinal ali.Era Magie.Atendi no segundo toque, a voz dela veio carregada de tensão."Como estão as coisas, Carol? Os advogados estão recorrendo sobre a revogação do contrato, mas o Zion não vai facilitar."Mordi o lábio inferior, sentindo uma pontada de angústia no peito."Claro que não facilitaria. Mas as coisas estão indo...""E o trabalho?""O novo chefe... é uma pessoa complicada." sussurrei, olhando para o chão."Como assim?""Nós dormimos juntos." murmurei, baixinho."O QUÊ?" ela praticamente gritou do outro lado da linha."Ainda não nos conhecíamos,
Caroline HartMais uma noite naquela casa. E meu sono simplesmente não vinha. O meu querido chefe Damon estava estranho. Ele parecia ter ficado com raiva após a noite do jantar, e estava me tratando com indiferença.Fiquei rolando na cama por horas, com o peito apertado e os pensamentos me sufocando. Quando finalmente levantei para tomar um pouco de ar, vi algo que me fez gelar.Um uivo cortou o silêncio da madrugada — longo, dolorido, quase humano. Olhei em volta, mas não havia nada. Apenas a escuridão e o farfalhar das árvores.Ao andar um pouco pelo jardim da mansão, notei marcas de queimadura em algumas pedras próximas ao bosque. Como se alguém tivesse acendido uma fogueira ali — ou algo muito mais intenso.Mais adiante, vi riscos fundos na casca de uma árvore. Pareciam... garras. Eu já nem sabia o que eu estava vendo.Engoli seco.Não era normal. Esse lugar não era normal. Mas talvez, minha cabeça estivesse tão cheia, que eu estivesse imaginando coisas.Na manhã seguinte, já ca
Caroline Hart.O ar aqui nessa parte da cidade, era diferente do centro de Nova York. Não era tão poluído o quanto.Pessoas se cumprimentavam sorridentes, aparentemente todos se conheciam.O mercado estava tranquilo, uma pequena pausa da rotina frenética da cidade. Eu amava esse momento.Havia algo em escolher os ingredientes com as próprias mãos que me trazia uma sensação de controle, algo que me faltava em minha vida nos últimos dias.Eu ainda estava tentando processar tudo o que estava acontecendo com minha vida.Zion havia se tornado uma sombra constante, uma presença ameaçadora que me seguia por todos os cantos. Eu bloqueei todas as suas tentativas de contato, mas ainda assim, ele me rondava.Escolhi mais alguns ingredientes para o jantar de mais tarde e, ao passar pela barraca de bebidas quentes, não pude resistir. Aquele chocolate quente parecia exatamente eu precisava.Eu pedi a bebida, sentindo o aroma doce e reconfortante preencher o ar ao meu redor, e estava prestes a tomar
Damon ThornMe inclinei na poltrona, ainda com o gosto do maldito beijo queimando nos lábios.O que aquela mulher queria fazer comigo?Caroline Hart.A humana que apareceu do nada, despedaçada por dentro e mesmo assim... perigosa. Irritantemente atraente.Ela havia me beijado. E aquilo me tirou do eixo.Fazia tempo que ninguém me tocava daquele jeito.Fazia tempo que eu não desejava alguém com tanto ódio quanto fome.E o pior?Eu queria mais daquilo.Mas não era piedade o que me fazia querer protegê-la.Era algo mais bruto. Instintivo.Primitivo.E se Zion Wallace queria vê-la destruída...Então eu começaria por ele.Me levantei da cadeira, peguei as chaves e saí da construtora — a fachada humana que usava há anos para manter controle sobre as terras. Entrei no carro e dirigi, sem pressa, pelas trilhas de terra que levavam ao coração da propriedade.A floresta era um abrigo. Ali eu respirava com liberdade.Longe de olhos curiosos.Longe de regras humanas.Estacionei perto da Casa de R
Caroline HartPedir ajuda a Damon Thorn era uma das últimas coisas que eu queria fazer.Meus recursos estavam acabando. A pressão estava me esmagando por dentro. Eu sabia que ele podia me ajudar — o problema era o preço de dever algo ao meu chefe misterioso."O chefe gosta de alimentos frescos, Hart. Se faltar, você deve ir comprar." Daiana sussurrou enquanto eu lavava algumas frutas.Revirei os olhos. Ainda não entendia a dinâmica dessa casa. Damon parecia o centro de tudo. Não era só respeito… era algo maior. Instintivo. Quase... devocional.Mas eu tentava me dar bem com Daiana."Você está se saindo bem, humana."Arqueei a sobrancelha. Por que todos aqui falavam como se eu fosse de outro planeta? Como se eles soubessem de algo que eu não sabia?A cidade inteira era estranha.Às vezes eu ouvia ruídos na floresta. Outras, sombras nas janelas. Como se algo sempre me observasse.Mas eu ignorava.A água ainda escorria da torneira, mas minhas mãos já não estavam mais ali. Meu corpo lavava
Damon Thorn A terra úmida sob minhas patas era um alívio. Cada passo era uma descarga de tensão, cada salto sobre as pedras, uma tentativa de esquecer. A madrugada envolvia a floresta num manto denso, e o ar cortava como lâmina, mas eu não diminuía o ritmo.Aquela era a melhor hora para a minha fuga.A floresta era o único lugar onde eu não precisava fingir. Onde o Alfa e o homem podiam se fundir sem precisar dar satisfações. Correr era o único jeito de lembrar que eu ainda era vivo. Que não era apenas o Alfa de todos. Era o filho de dois fantasmas que a floresta nunca esqueceu.Os galhos riscavam o céu, e a lua cheia projetava minha sombra sobre a relva. Meus sentidos estavam aguçados, cada barulho, cada cheiro, cada vibração no solo. Era como se o mundo respirasse comigo.Então...O cheiro do sangue.O som de um grito.A neve.O corpo dela.Os olhos da minha mãe se encontrando com os meus por um segundo que durou para sempre.Tentei frear, mas a lembrança me paralisou no meio da tr
Caroline Hart Acordei sobressaltada.Meus dedos apertavam o cobertor como se algo tivesse me assustado — mas não havia som, nem luz, nem movimento. O chalé estava mergulhado no mais silêncio.Me levantei devagar, ainda desnorteada, tentando entender por que meu corpo estava em alerta. Talvez tenha sido um sonho. Ou talvez…Caminhei até a janela e abri a cortina com cuidado.O frio da manhã ainda envolvia a floresta como um manto. A névoa era mais espessa que o normal, e por um segundo eu não vi nada. Então…Meu coração parou.Entre as árvores, a uns cinquenta metros de distância, havia uma silhueta. Parada. Observando.Pisquei várias vezes, tentando ter certeza. Era uma figura masculina. Alta. Ombros largos. O rosto escondido pela sombra e pela neblina.Dei um passo para trás instintivamente. Mas, assim que fiz isso… ele desapareceu."Não pode ser."Pus um casaco por cima do pijama e saí do chalé sem pensar duas vezes, os pés afundando na grama molhada. Caminhei até o ponto ond
Caroline Hart Estar dormindo só há alguns metros de distância de Damon me causava ansiedade.A primeira coisa que fiz quando acordei foi tocar a garganta, como se a ameaça que disparei ainda estivesse presa ali. Eu havia feito. Eu enfrentei Zion. E, por mais que não admita em voz alta... só consegui porque ele estava comigo.A luz entrava fraca pelas janelas altas. A mansão era absurdamente silenciosa, como se os corredores estivessem esperando eu acordar para existirem de novo.Coloquei um casaco por cima da camisola e caminhei até a cozinha, descalça, tentando não fazer barulho. Se Damon ainda estivesse dormindo, eu preferia evitar irritá-lo.Mas ele já estava lá.Sentado à cabeceira da mesa de madeira maciça, com uma xícara de café nas mãos e o olhar perdido na janela. A camisa branca com as mangas dobradas e os cabelos um pouco bagunçados davam a ele um ar perigosamente... humano.Ele me viu, e por um instante, algo brilhou em seus olhos. Mas logo desapareceu.“Você é rápida para