08. Proximidade perigosa

Minhas mãos suavam frio. A proximidade entre nós estava me deixando tonta.

Saí daquele terraço com raiva. 

O ar gelado do corredor não aliviava o calor que ele deixava no meu corpo.

Me recostei contra a parede de pedra, tentando controlar a respiração. Ele tinha me encurralado, quase como se estivesse marcando território. Mas por quê? Ele nem gostava de mim. Ou gostava?

A vibração do celular me despertou. Para minha surpresa, havia sinal ali.

Era Magie.

Atendi no segundo toque, a voz dela veio carregada de tensão.

"Como estão as coisas, Carol? Os advogados estão recorrendo sobre a revogação do contrato, mas o Zion não vai facilitar."

Mordi o lábio inferior, sentindo uma pontada de angústia no peito.

"Claro que não facilitaria. Mas as coisas estão indo..."

"E o trabalho?"

"O novo chefe... é uma pessoa complicada." sussurrei, olhando para o chão.

"Como assim?"

"Nós dormimos juntos." murmurei, baixinho.

"O QUÊ?" ela praticamente gritou do outro lado da linha.

"Ainda não nos conhecíamos, foi por acaso, enfim." passei as mãos nos cabelos. "Eu preciso desligar, tenho que voltar."

"Carol, espera—"

Mas eu já tinha encerrado a chamada.

Fechei os olhos por um instante. Que droga de vida era essa que eu estava levando?

Guardei o celular e respirei fundo, ajeitando o uniforme. A sobremesa ainda precisava ser servida.

Voltei para a sala de jantar com uma bandeja de taças nas mãos, me obrigando a manter a postura. Senti todos os olhares voltados para mim no instante em que entrei — mas um, em especial, queimava.

Damon.

Estava de volta à cabeceira, com o rosto sério, mas os olhos? Me acompanhavam com uma intensidade que eu não conseguia explicar. Era como se me analisasse, como se estivesse pronto para reagir ao menor movimento.

Fui até a mesa e anunciei a sobremesa com a voz firme.

“Senhores, o encerramento da noite será um crème brûlée de baunilha com crosta de açúcar mascavo e framboesas frescas.”

Alguns murmúrios de aprovação surgiram entre os convidados, mas eu não conseguia prestar atenção neles. Só nele.

Coloquei a primeira taça diante de um dos alfas que havia me elogiado mais cedo. Ele sorriu abertamente para mim.

“Você cozinha como um anjo, senhorita Hart. Eu adoraria ter você na minha alcateia.”

Revirei os olhos mentalmente, mantendo um sorriso educado.

Mas quando me virei discretamente para olhar Damon, ele já estava com o punho fechado contra a mesa, os olhos semicerrados, como se lutasse contra algo dentro dele.

Foi então que percebi.

O surto dele no terraço não tinha sido apenas sobre os convidados... Foi sobre mim.

Ciúmes?

Mas por quê?

Ele nem sequer demonstrava um resquício de sentimento. Era rude, frio, mandão. E, ainda assim, estava furioso por eu ser o centro das atenções naquela mesa.

Enquanto colocava as últimas taças sobre a mesa, senti o olhar dele me atravessar como lâmina.

Que tipo de jogo ele estava jogando?

E por que, mesmo sabendo que tudo aquilo era uma loucura... uma parte de mim ainda queria continuar jogando também?

O jantar havia finalmente terminado.

Eu me tranquei no chalé e me joguei na cama sem nem tirar o avental. Ainda sentia os olhares, as palavras, as provocações. Mas, principalmente… o toque dele. A forma como Damon me prendeu contra a parede no terraço, como se fosse dono do meu corpo. Como se pudesse me ler por dentro.

"Arrogante." murmurei sozinha, virando de lado.

Fechei os olhos, determinada a esquecer tudo.

Mas o sono não trouxe alívio.

Trouxe... ele.

No sonho, Damon estava em cima de mim. Seu corpo quente, forte, roçava no meu como se o conhecesse há séculos. As mãos dele percorriam minhas curvas com lentidão, sua boca traçava um caminho pelo meu pescoço, descendo...

Arfei. O toque era tão real que meu corpo reagia como se estivesse acordada.

"Você gosta de ser provocada, não gosta?" ele sussurrava no meu ouvido no sonho.

Acordei sobressaltada, com a respiração entrecortada. Era... como se ele estivesse ali.

"Mas que droga… "murmurei, passando as mãos pelo rosto.

Levantei da cama e fui direto para o banheiro. Lavei o rosto na água fria, tentando apagar aquela imagem dele da minha mente.

Desci até a cozinha antes das sete, como combinado. A casa já respirava movimentação. Funcionários limpando, a governanta resmungando sobre prazos e horários.

Damon já estava sentado à cabeceira da mesa da sala de jantar, tomando café e revisando alguns papéis. Vestia uma camisa escura dobrada nos cotovelos, e uma calça preta que marcava as coxas fortes.

Sério. Acordar e dar de cara com aquilo era sacanagem.

"Precisamos conversar sobre o pagamento." falei firme, enquanto servia o café da manhã.

Ele não ergueu os olhos dos papéis.

"Fale."

"Preciso receber em dinheiro. Nada de depósito em conta."

"Você já falou isso. Não gosto que repitam as coisas."ele disse curto e grosso."Receberá todas as sextas-feiras, em mãos."ele sussurrou saindo."

Parecia estar bravo. Mas tudo bem, ele sempre estava.

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