06. A Última Chance

"Conta bloqueada."

Li a mensagem na tela com incredulidade. Digitei a senha de novo. Outra vez.

"Conta bloqueada."

Tentei outro cartão, o da minha poupança. Mesmo aviso. Um frio percorreu minha espinha. Zion. Só podia ser ele. Era a única explicação. Ele tinha poder sobre minhas finanças, sempre teve.

Desde que me convenceu a colocar tudo em nome conjunto. Idiota. Ingênua.

"Merda."esbravejei."

Saí da fila sentindo o sangue pulsar nas têmporas. As pessoas ao redor pareciam flutuar, irreais. Minha cabeça martelava com mil pensamentos ao mesmo tempo. Eu precisava trabalhar. Precisava de dinheiro. Não havia outra escolha agora. Voltar para a mansão Thorn era a única saída.

Zion fez isso, porque acha que em um ato desesperado eu voltaria para Nova York e casaria com ele. Mas somente por cima do meu cadáver!

Me machuquei, mas estou viva, e eu iria provar quem ele era, e se casasse, seria apenas uma marionete controlada.

Caminhei de volta para casa sem conseguir prestar atenção em nada. Só pensava na sensação de impotência ao ver minha conta zerada, bloqueada, sufocada pela armadilha que eu mesma permiti ao confiar no meu quase marido desgraçado.

Algumas horas depois, fui ao escritório de Damon, tínhamos uma reunião para decidir sobre os seus gostos, e ele, extremamente pontual, já estava de pé diante da janela.

Vestia um blazer escuro, mangas dobradas, uma xícara de café na mão e aquele olhar firme, quase predatório.

"Preciso falar com você sobre o pagamento", disse, firme.

"Mal trabalhou e já quer receber?", respondeu sarcástico. "Pode falar."

"Quero receber em espécie. Nada de transferências."

Ele ergueu uma sobrancelha, dando um passo na minha direção.

"Algum motivo específico?"

"Não", menti, desviando o olhar.

"Caroline Hart", ele disse, em tom baixo, quase como uma constatação. "Você acha que pode se esconder aqui, mas eu já sei quem você é."

Senti o estômago revirar.

"Do que você está falando?"

"Sei que é uma cozinheira famosinha nas redes sociais, ou era,talvez. Vi todas as reportagens do escândalo, e sei tudo sobre como seu ex-noivo é um crápula."

Minha boca secou. Eu não consegui dizer nada. Ele continuou.

" Zion, não é? Um nome forte para um homem que parece tão pequeno e estúpido."

Dei um passo para trás, mas ele me acompanhou, com a calma predadora de quem sabe exatamente onde está pisando.

"O que mais você está escondendo de mim, humana? Sou um homem discreto, e não quero trazer confusão para meu território."

Tentei manter a voz firme, mas ela saiu trêmula.

"Não estou escondendo nada."

"Mentira", ele disse com um sorriso de canto. "Você quer dinheiro em espécie porque suas contas estão bloqueadas. E se estão bloqueadas, é porque alguém quer te controlar."

"Você não sabe de nada", sussurrei." Afinal, quem é você?"

" Apenas um homem que se certifica de quem contrata. Você me subestima demais."

"O suficiente para me julgar? Você não faz ideia do que passei."

"Não preciso saber de tudo para entender que você está fugindo. E não é só de um ex-noivo ou de uma conta bloqueada. Está fugindo de si mesma."

Fechei os olhos por um segundo, tentando conter as lágrimas que insistiam em queimar. Ele não tinha o direito de falar aquilo. Mas o pior era saber que ele tinha razão. Mas quem era esse homem? Como ele sabia que minhas contas estavam bloqueadas?

Como ele pode estar me vigiando e ouvindo coisas impossíveis de serem ouvidas de longe?

Que ele era esquisito, eu já tinha notado, mas a verdade é que Damon era mais poderoso e misterioso do que imaginei.

Quando abri os olhos, ele já estava mais próximo. O suficiente para eu sentir o calor do corpo dele, a tensão no ar.

"Você quer mesmo esse emprego, Caroline?"

"Sim", respondi sem hesitar.

"Então trabalhe. Mas não tente me enganar. Porque eu enxergo além de palavras. Sexta, terei um jantar com algumas pessoas importantes, preciso que prepare tudo, será sua chance."

"Farei o que for necessário." me virei e sai do seu escritório."

A vergonha misturada com raiva latejava no peito. Eu odiava que ele soubesse tanto. Odiava que, mesmo cercada por estranhos, fosse tão fácil me despir sem tirar a roupa.

Voltei para a cozinha e me forcei a respirar fundo. Precisava focar. Refeição impecável. Talvez fosse a única coisa que ainda me restava: a minha arte. Pelo menos aqui, Zion não conseguiria me achar e me infernizar, eu esperava.

Preparei anotações com ingredientes frescos, nada de industrializados. Cogumelos salteados com vinho branco e ervas. Medalhões ao molho de mostarda dijon. Para sobremesa, torta morna de chocolate amargo com flor de sal e caramelo.

Comecei a testar o preparo das entradas, ajustando cada proporção. A cada corte, a cada mistura, eu me lembrava de quem era. De onde vim. Do quanto lutei para ser reconhecida. E do quanto havia perdido por confiar demais em quem só via poder e controle.

Que droga.

Ouvi uma respiração, e quando me virei. Ele estava lá.

"O que faz aqui?" Dei um salto como se estivesse na presença de um criminoso."

Damon me olhava como se fosse um enigma.

"A casa é minha, você se esqueceu?"

"Como poderia esquecer."

Ele se aproximou devagar. Seus olhos percorriam meu rosto com calma irritante, como se quisesse gravar cada detalhe.

"Você está suando", ele comentou, quase num sussurro. "É de tanto pensar em mim?"

Revirei os olhos, mas meu corpo parecia não ter recebido o mesmo comando. A pele continuava quente, o coração acelerado.

"Você está começando a parecer interessado."

Ele arqueou uma sobrancelha, o canto da boca subindo num sorriso lento, perigoso. "E se eu estiver?"

Cruzei os braços, sustentando o olhar dele. "Seria um problema... para você."

Ele se aproximou mais, até ficarmos a poucos centímetros. Seus olhos desceram brevemente até minha boca.

Meu coração bateu forte. Ele inclinou-se um pouco, e por um segundo, meu corpo vacilou.

Só que, quando achei que ele se aproximaria, seus lábios roçaram minha bochecha sem me tocar, ele murmurou, quase com humor:

"Não se preocupe, chef. Não sou tão fácil de conquistar quanto pareço. É o seguinte, se fazer um bom trabalho, posso até te ajudar a se livrar do seu noivo trapaceiro." ele sorriu."

"Como?" meus olhos se arregalaram."

"Tenho meus meios. Mas nada que eu faço, é de graça."

Ele disse se retirando.

Aquele homem não jogava limpo.

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