ISADORA ALENCAR
Eu sabia que não teria paz.
Mas sozinha… ainda parecia melhor do que lidar com os julgamentos.
O que me pesava não era o que eu tinha feito. Era o depois.
Era o olhar que meu pai desviava por vergonha.
As birras e o silêncio da minha irmã.
E a constante presença de Enzo, sempre perto. Sempre implorando por uma chance que eu já não podia mais dar.
Eu fugi.
Como uma covarde.
Como uma mulher desesperada que arruma a mala com as mãos tremendo e deixa apenas um bilhete em cima da cama.
Fui embora sem saber pra onde.
Escolhi Santa Beatriz por puro instinto — longe o bastante pra me esconder, grande o suficiente pra me diluir no caos urbano.
Eu sabia que se ficasse numa cidade pequena, Enzo me encontraria em dias.
E eu não queria que o meu bebê fosse o herdeiro de ninguém.
Ele não era de Dante.
Ele era meu.
Consegui alugar um apartamento minúsculo — um quarto, sala, cozinha e banheiro.
Usei o dinheiro que Dante havia deixado com desprezo.
Pra ele era migalha.
Pra mim, era lib