Eu não sei mais se quero continuar com essa conversa.
— Minha mãe sempre nos escondeu tudo, é claro... Ela queria que pensássemos que estava tudo bem. Sua prioridade sempre foi nos proteger. A mãe do meu pai acabou se sentindo culpada e convenceu o marido a acolher a mim e à Jenny. A decisão dela fez com que fosse muito repreendida por ele, e também pelas pessoas de seu círculo social… — Ele pausa, suspira. — No fim, ele cedeu. Afinal, tínhamos o sangue dele… E, apesar de tudo, a crueldade deles não chegou ao ponto de nos separar.
A sensação é como ouvir uma daquelas histórias tristes que nossos pais contam enquanto estamos pequenos, quentinhos em seus braços.
— Carinho, para eles, era uma coisa de outro mundo. E a Jenny ainda sofreu bem mais do que eu.
Eu olho para as ondas, sentindo um aperto por dentro. Fico mal pela Jenny. Mas, mesmo assim, isso não justifica o modo como ela me tratou. O sofrimento não dá a ninguém o direito de descontar nos outros. E, além disso, ela nunca me deu