CAPÍTULO 8
Narrativa de RB
A carta ainda pesava nos meus dedos, mesmo depois de ter sido guardada. As palavras do Miguel rodavam na minha cabeça como maldição. Aquela ruiva não era só a menina inocente que tinha desembarcado no morro, confusa com a nova realidade. Ela era a chave. A maldita chave. E agora eu era o cadeado.
Passei a mão na nuca e acendi outro cigarro. Olhei pela janela do meu quarto e vi Lavínia sentada na varanda, sozinha, com aquele vestido branco batendo no joelho. Parecia uma miragem no meio da quebrada, uma visão estranha naquele cenário de concreto rachado, funk alto e cheiro de maconha.
Mas era real. Real demais.
Miguel me fodeu bonito. Me deixou com a missão de manter a menina casta, viva, longe dos inimigos — e pior — com a liberdade de escolher quem ia ser o homem que ia deitar com ela pela primeira vez.
Dei uma risada sem humor. Como se fosse fácil. Como se eu ainda tivesse controle.
Eu sabia que tava perdendo. Não era só o olhar dela que me desconcen