CAPÍTULO 45
Narrativa de RB
A noite caiu pesada sobre o morro. Depois da treta com o infiltrado, ninguém relaxou de verdade. Eu sabia que quando um verme desses aparece, é só a ponta de algo maior. Quem vem sondar não vem sozinho, vem a mando de gente que acredita que pode abalar nosso alicerce.
As ruas estavam silenciosas, mas não era paz. Era tensão. O tipo de silêncio que precede tempestade. Eu caminhava de um lado pro outro, observando cada beco, cada esquina, com Lavínia firme ao meu lado e Júnior trocando olhares com os homens espalhados nos pontos estratégicos.
— Ele falou a verdade? — perguntou Júnior, voz baixa, quase um sussurro.
Respirei fundo antes de responder.
— Parte dela. Sempre tem meia mentira escondida. Mas isso é bom. Meia verdade já basta pra saber por onde eles querem vir.
O moleque assentiu, mas eu percebi a inquietação. Ele era leal, mas ainda jovem, ainda aprendendo que nesse mundo não existe resposta limpa.
Lavínia apertou meu braço, firme, sem medo.