O fim da tarde caiu sobre Milão como um véu dourado. O apartamento estava em silêncio, exceto pelo som distante dos chorinhos das gêmeas, vindo do quarto ao lado. Chiara, impecável como sempre, surgiu no corredor com o celular na mão e a expressão fria de quem está prestes a ditar ordens. — Luchero, precisamos conversar — disse ela, com a voz firme, como um capitão que se prepara para enfrentar uma tempestade. Ele levantou o olhar do notebook, exausto não apenas fisicamente, mas emocionalmente.
— Diga, Chiara. — Eu não quero que isso se repita — começou ela, cruzando os braços e olhando para a porta do ateliê, que ainda estava entreaberta ao fundo, onde as tintas e pincéis aguardavam seu retorno, como se tivessem opiniões sobre a situação. — Não quero que a sua assistente venha mais aqui em casa. Essas visitas invadem a minha privacidade e perturbam a rotina das crianças, como na última vez que ela veio e as gêmeas não conseguiram nem fazer o lanche tranquilamente