NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...
Sabe quando o ar parece pesar ao nosso redor, como se o próprio ambiente soubesse de algo que ainda nos é oculto? Foi exatamente assim que me senti ao ficar sozinha naquele quarto com Andrea. A tensão não era palpável — era cortante.
Matias entrou em seguida, com passos apressados e expressão fechada. A raiva escorria pelos traços do seu rosto como suor frio. De imediato, imaginei que fosse culpa daquela mulher... Luna. Talvez ela tivesse azedado o caminho inteiro com seu veneno.
Mas havia algo mais. Algo sombrio. Algo que me dizia que aquilo era maior.
Ele caminhava de um lado ao outro, como fera acuada em cela pequena. Tentei sair do quarto — juro que escutei o choro da minha mãe, tênue como sussurro de alma. Meu coração se agitou, clamando para correr até ela, ser amparo, ser filha.
Mas Matias me deteve. Me envolveu num abraço firme, com os braços pesados de quem carrega um fardo. Era como se me ancorasse ali. Como se dissesse, sem palavras, que dali não