NARRAÇÃO DE PETRINA
Senti um aperto no peito — daqueles que não se explicam com palavras, apenas se sentem. Uma fisgada funda, como se algo dentro de mim tivesse sido rasgado sem anestesia.
Estava na cozinha, tentando respirar, tentando colocar alguma ordem nos pensamentos depois de tudo o que aconteceu com Miguel. Mas a angústia já vinha me rondando há dias. Era como se o universo gritasse: “Você não sabe a verdade.” Passei a mão no cenho, angustiada com o que estava por vir. Fiz exatamente o que me proibiram. Ao menos, Lara e Andrea não estavam ali para presenciar minha angústia latente.
Então, escutei um carro estacionar em frente à casa.
Aproximei-me em silêncio, mas o suficiente para não ser notada. Vi Matias e Miguel dentro do carro. O silêncio se instalou como uma presença viva. E, então, ouvi claramente a voz de Miguel ao telefone.
A porta da entrada estava entreaberta. E a voz… a voz que me atingiu como um soco no estômago:
— Você vai pagar. — Era Miguel. Gritando. O tom dele