VICTOR
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Os dias seguintes à minha conversa com a Zoe correram de maneira surpreendentemente tranquila, quase como se o universo, por um instante, tivesse decidido colaborar. Eu havia tomado uma decisão importante, era hora de encarar os estudos dela com seriedade e me dedicar de verdade a ajudá-la a absorver o máximo possível da matéria. Por mais que ela fosse jovem e ainda incerta sobre o futuro, eu sabia que aquele esforço não seria em vão. Mesmo que ela, um dia, escolhesse não seguir o caminho da medicina ou de qualquer carreira acadêmica tradicional, tudo o que ela estava aprendendo ali, naquele momento, teria alguma utilidade. Talvez não da forma mais direta, talvez não da maneira como os pais dela esperavam, mas serviria. Eu acreditava nisso. Sabia que o conhecimento nunca se perdia, ele sempre encontrava uma maneira de se encaixar na vida da gente.
É claro que entre uma revisão e outra, entre anotações, provas simuladas e longas explicações teóricas, havia pausas. Pausas em q