VICTOR
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A garota diante de mim parecia o tipo de cura para o meu coração em pedaços.
Zoe ainda respirava forte, com a pele quente colada na minha, como se o mundo lá fora não estivesse desmoronando em silêncio. Enquanto ela me olhava, eu já imaginava a pergunta que sairia daqueles lábios. O beijo, era a forma de silencia-la.
Estar com ela, era como esquecer a dor, esquecer a confusão, esquecer tudo o que me cercava com aquele peso constante de responsabilidades e erros.
Era como mergulhar num instante de paz roubada, uma trégua da minha própria vida, e ainda assim, mesmo nesse intervalo de calma, a realidade sempre voltava.
Passar por um divórcio com alguém que um dia eu amei profundamente estava me matando por dentro. Não havia lágrimas, nem desabafos, era uma dor silenciosa, sufocada, daquelas que a gente aprende a esconder por sobrevivência.
Eu tentava enganar a mim mesmo, afirmando que tudo aquilo não me afetava, mas por dentro, era como caminhar com os pés cheios de estilhaço