20. Um amigo de Charles
Cássia sentia o estômago revirar – e não era de fome. Se Henrique realmente teve acesso ao cofre dela, então tudo o que ela vinha acumulando ao longo dos anos, todas as provas das falcatruas, trambiques e safadezas do marido, agora estavam nas mãos dele.
E isso significava uma coisa: ela estava ferrada.
Enquanto remoía seus pensamentos catastróficos, Charles dirigia pela estrada que os levava a uma pequena cidade que parecia saída diretamente de um livro infantil. As casas eram todas pintadas em tons alegres, com jardineiras floridas nas janelas e varandas decoradas. Tudo muito pacato, tranquilo, um lugar onde a maior preocupação do dia provavelmente era decidir qual sabor de sorvete escolher na sorveteria local.
Cássia observava tudo pela janela do carro. Na praça central, viu um banco na esquina, uma cafeteria do outro lado da rua e, no fim da avenida principal, uma loja de roupas. O lugar parecia tão calmo que ela se perguntou se alguém ali já tinha ouvido falar de corrupção, cha