CAPÍTULO 3

Estou em casa terminando de arrumar as malas, daqui a pouco Mia chega para irmos viajar. Termino e desço, deixo a mala na sala.

Minha mãe está no quintal regando as plantas.

– Mãe – chamo.

– Sim. – Ela limpa as mãos no avental e se vira para mim.

– Só queria falar com você antes de ir – digo me sentando em uma cadeira de balanço.

– Como conversamos, seja você mesma...

– Eu sei, mãe, estou esperando que a Mia e o Logan venham me buscar. E o que você vai fazer esses dias? – pergunto chutando a grama bem cuidada.

– Tenho muito trabalho, talvez tenha que viajar por alguns dias, não sei ainda. Quem exatamente vai para esta viagem, você não me falou? – Ela se senta ao meu lado.

– Além da Mia e do Logan, irão também o Ryan e o Allan.

– O Ryan não é aquele garoto que gosta de você? – ela pergunta sorrindo.

– Sim, mãe.

– Por que você não aproveita e dá uma chance para ele.

– Mãe!

– O que? – ela pergunta sorrindo. Minha mãe é linda, magra com muitas curvas, tem 1,70 metro, seus cabelos são escuros como a noite, somos muito parecidas, apesar de seus olhos serem azuis.

– Você sabe muito bem por que eu não vou e nem quero dar uma chance para o Ryan. – Por que ninguém chega logo para me tirar desta conversa com minha mãe? Eu a amo, mas odeio quando ela começa com este papo de arrumar namorado para mim.

– Eu sei, mas por que você não tenta, filha?

Antes que possa responder, escuto a uma buzina, graças a Deus. Alguém chegou, me levanto depressa, minha mãe me observa reprimindo um sorriso.

– Eles chegaram, mãe – digo pulando.

– Eu sei, vou até a porta com você.

Entramos em casa, pego a minha mala e vou até a porta, a minha mãe me segue de perto.

Saio de casa e vejo o carro na porta.

Olho para o carro e vejo que não é o que o pai da Mia no volante.

A porta se abre e Mia sai, logo depois vem o motorista e me ajuda com a mala que, por sinal, é enorme.

– Oi tia, Lu. – Mia abraça a minha mãe.

– Oi, Mia, como você está?– elas se separam e Mia continua a conversa com minha mãe.

– Estou bem, muito animada para falar a verdade.

– Que bom, querida.

– Então, vamos? – Mia pergunta.

– Claro, mas pensei que iriamos com seu pai. – Ryan sai do carro, olho para minha mãe e ela está sorrindo.

– Não, meu pai só irá depois.

Ryan vem até nós, não gosto muito do jeito de agir dele, apesar de sermos muito amigos.

– Oi. – Ele dá um beijo no meu rosto depois em minha mãe.

– Oi – eu e minha mãe respondemos juntas.

Eles começam a conversar e fico me perguntando por que será que o Logan não veio.

– Vamos – digo.

– Claro – diz Mia junto com Ryan.

– Tchau, mãe. – Dou um abraço.

– Tchau, filha, toma cuidado e aproveite, me ligue sempre, te amo – ela sussurra em meu ouvido.

– Também te amo e ligarei sim.

Entramos no carro e Allan está no telefone parece estar falando com a mãe, sorrio e deixo que Mia entre no carro e se senta ao lado de Allan, Ryan vai na frente.

O carro dá partida, pego o meu celular e conecto o fone, começo a escutar Drag Me Down da OneDirection.

Chegamos à imensa casa, não sei, acho que dormi todo o caminho, viemos para Angra com o motorista que o pai de Mia contratou, já que ele só viria no dia seguinte.

O carro parou e instantaneamente observei pela janela de vidro escuro a casa que era imensa, a fachada era branca com detalhes de pedra na divisão, em cima, tinha uma parede de vidro. O motorista abriu a porta e me ajudou a sair do carro, o mesmo foi feito com Mia que tinha um sorriso enorme no rosto e estava agarrada ao braço de Allan dando pulinhos de alegria.

Na frente, tinha um lindo jardim, a grama permanecia bem cuidada e as diferentes flores exalavam um cheiro maravilhoso, tinha pequenas pedras que levavam até as escadas em frente às portas duplas da casa.

Os garotos ficaram para ajudar o motorista com as malas. Eu e Mia entramos e fiquei admirada, por dentro tudo era mais lindo, os móveis eram de um tom escuro, já as paredes eram de um tom branco antigo, o que dava um certo charme à casa.

A garota de olhos claros me puxou escada acima antes que eu continuasse admirando a casa.

– Você pode escolher em qual quarto quer ficar – ela disse sorrindo assim que paramos em um corredor com várias portas.

– Ok – falei e entrei na porta mais próxima. O quarto era confortável, a primeira coisa que eu fiz foi me jogar na cama. Fiquei pensando o que poderia acontecer de bom em uma semana ao lado do Logan, um sorriso se formou em meus lábios, percebi isso quando alguém bateu na porta do quarto.

Me levantei e passei a mão na cama em uma tentativa de arrumá-la novamente, passei a mão nos cabelos e abri a porta vagarosamente, era o Ryan com minha mala.

– Ah... obrigada, eu tinha me esquecido – falei. Ele me olhava de um jeito malicioso, o que me deixou desconfortada. Dei espaço para que ele entrasse e deixasse a mala nos pés da cama.

– Não foi nada – ele disse depois de uma longa pausa, quando voltou para perto de mim e ficou me encarando por um bom tempo novamente, quebrei o contato visual e olhei para baixo.

Fico olhando para porta até que ele parece se tocar.

– Vou descer, Mia quer pedir uma pizza. Depois, se quiser, desce lá – ele diz parando na porta.

– Vou arrumar algumas coisas aqui, depois eu desço. – Ele acena com a cabeça, fecho a porta e começo a arrumar as minhas coisas.

Quando termino, já é tarde, estou muito cansada, mando uma mensagem avisando que cheguei bem para minha mãe e me deito poucos minutos, depois apago.

***

Acordo relaxada, o clima está muito agradável e eu estou muito ótima, me levanto sorrindo e vou até o banheiro.

Termino meu banho.

Pego uma lingerie e coloco em cima da cama, visto minha calcinha e, quando ia colocar o meu sutiã, ouço um estrondo e olho para trás.

– Mia. – Logan entra gritando, mas para quando me vê sem sutiã.

– Ai, meu Deus! – grito e ele não para de olhar meus seios, tento tampá-los com minha mão, mas acho que não deu muito certo, pois ele fica olhando a parte de baixo.

– Hã... desculpa, Mel – ele fala com a voz rouca.

– A Mia não está aqui – falo envergonhada.

– Percebi, quando você a encontrar, avise que já cheguei. – Ele se vira, mas fica me olhando da porta.

– Tá, eu aviso sim – falo e ele sai do quarto fechado a porta.

Termino de me vestir, colo o sutiã, short jeans escuro, uma regata rosa, amarei os cabelos em um coque, coloquei minhas Havaianas e desci. Mia, Allan, Ryan estavam sentados no sofá falando algo. Hoje estava calor e todos estão animados.

Não vi mais Logan até que ela descesse com uma mulher ruiva, muito bonita e, quando ela me vê, abraça-o por trás e beija seu pescoço.

É como se tudo acontecesse em câmera lenta, ela diz algo no ouvido dele e ele sorri, sinto como se alguém estivesse esmagando meu coração, meus olhos se enchem de lágrimas.

Tudo o que penso é que não posso ficar mais nem um segundo no mesmo espaço que eles.

Me viro e saio da casa, me sento na grama em frente à casa e as lágrimas rolam livremente pelo meu rosto.

Fico assim por algum tempo, não faço a mínima ideia de quanto tempo se passou, escuto vozes na casa parece que estão discutindo.

Depois de não escutar mais nada, Limpo as lágrimas e entro, sei que todos perceberam o modo estranho que agi , mas agradeço por ninguém ter ido até mim pergunta o que aconteceu.

Como todos estão tomando café agora, subo para o meu quarto.

Procuro pelo meu celular, mas a porta é aberta e uma Mia visivelmente preocupada entra.

– O que você tem, Mel? – Ela se senta na minha cama.

– Eu preciso ir embora – digo tirando as roupas do guarda-roupa.

– O quê? Como assim, o que aconteceu? – Ela para respira e se levanta, segura em meu braço e me puxa para cama. – Mel, diz o que está acontecendo. Foi algo que o Ryan fez? – Ela termina e olha fixamente em meus olhos, já não me importava mais com as lágrimas.

– Não foi nada, ele...

Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela já saiu do quarto gritando pelo Ryan.

Procuro pelo meu celular e o encontro ao lado da cama em cima do criado-mudo.

Minha mãe atende no terceiro toque.

Alô, o que aconteceu, Mel, já chegaram?

– Mãe – falo mas a minha voz falha, por causa do soluço.

Ei, o que aconteceu, Mel? Você está chorando, querida.

– Mãe, vem me buscar, por favor. – Me sento no chã6o ao lado do guarda-roupa.

Hum – ela diz meio hesitante. – Não estou em casa, tive que fazer uma viagem importante e dei esses dias de férias para Ellen, mas, se você quiser, eu dou um jeito.

Odeio ter atrapalhado minha mãe, ela fica muito preocupada quando choro, já que evito chorar quando estou na presença de outras pessoas.

– Não precisa, mãe, vai ficar tudo bem, beijos.

Mel, me conta logo o que a fez chorar. Foi ele, o Logan?

Nem precisei responder, já que funguei alto e me odeio por fazer isso.

– Eu vou ficar bem, tchau, eu te amo.

Eu também te amo, filha, mas me diz...

– Estão me chamando, mãe, depois te ligo.

Antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa, finalizo a chamada, desligo o meu celular. Tenho que parar e pensar, tenho que enfiar em minha cabeça que os outros também tem uma vida, que eu não sou o centro das atenções.

Entro no banheiro e olho no espelho, estou parecida com um urso panda, lavo o meu rosto e saio do banheiro, começo a colocar as coisas que tirei novamente no guarda-roupa, a porta se abre e Mia entra, ela e esse péssimo costume de não bater.

– Mel, já falei com o Ryan e com Allan e eles disseram que não fizeram nada com você, amiga. Você não pode ir, fica comigo. Lembra, férias perfeitas? – Ela segura a minha mão e começa a ficar vermelha, seus olhos cheios de lágrimas não derramadas.

– Fica calma, eu não irei mais e não se preocupe, e ninguém fez nada comigo, não posso ir embora até que minha mãe volte de viagem.

– Que bom, mas você terá que se divertir aqui, promete? – ela pergunta com um biquinho.

– Vou tentar. – E pensei “se ele trouxe aquela mulher, sei que está interessado nela”. Pensar nisso doeu, doeu muito, mas a vida não é o que desejamos, por isso dei um pequeno sorriso para Mia.

– Vai ser muito legal. Agora que já conversamos, preciso falar com meu pai. – E, sem dizer mais nada, ela saiu do quarto. Antes pensava que ela era meio maluca, agora eu tenho certeza.

Me deito e fico pensando em tudo, alguém bate na porta, a minha vontade era de fingir estar dormindo, mas, seja quem for, resolvi não fazer isso. Então, sem nem um pingo de vontade de me levantar, gritei para entrar.

Ryan colocou a cabeça timidamente, sorriu  entrou.

– Oi, como você está? – ele pergunta e fica me olhando. Procurando alguma coisa.

– Hum... estou bem, só um pouco cansada.

– Só vim te avisar da festa que irá ter amanhã – ele diz. Eu tenho serias dúvidas se ele é tímido ou se fingi, conheço ele há um bom tempo e venho tentando decidir.

– Obrigada por me avisar e, sim, eu irei a esta festa – digo me sentando na cama para olhá-lo.

– Então, daqui a pouco nos vemos para o almoço. Aliás, a Mia está muito brava já que ela pediu que o pai mandasse... acho que Renata ir embora e ele se recusou. – Já estava me sentindo melhor, mas ele tinha que ter falado isso. – Mel?

– Sim, entendi, acho que vou descansar um pouco.

– Tudo bem. – Ele sai do quarto e me deito, aos poucos vou pegando no sono.

Acordo com a minha barriga roncando, estou morrendo de fome.

Procuro pelo meu chinelo e saio do quarto.

Vou até a cozinha, procuro algo para fazer um lanche, pego o pão, queijo e tomate, tem suco de manga.

Me sento à mesa e começo a comer.

– Oi.

Esta voz... Me engasgo com o lanche e começo a tossir.

– Está tudo bem, Melissa? – ele pergunta e acaricia as minhas costas, seu toque fazendo com que minha pele arrepiasse.

– Ham...es-estou bem – Bebo um pouco de suco.

Ele acena com a cabeça e se senta ao meu lado.

– Que bom, Mia me disse que você queria ir embora, aconteceu alguma coisa? – “Merda por que a Mia tinha que falar para ele”.

– Não aconteceu nada. – Ele me olha confuso, mas não diz nada, ele bebe um pouco do meu suco.

– Se acontecer algo, não precisa ter vergonha, eu estou aqui. – Tento confirmar com a cabeça, não sei se consegui. – Você irá para essa tal festa que vai rolar hoje?

Fico olhando para sua boca carnuda e a minha vontade de beijá-lo chega a me assustar.

– Melissa.

– Hã... Hã... – Limpo a garganta e encaro seus olhos. – Sim.

– Então, vamos todos nós. – Ele leva a mão ao meu rosto, fico imóvel, sinto uma sensação estranha na minha barriga.

Ele segura o meu queixo e, com o polegar, tira uma migalha de pão do canto da minha boca.

Tento me controlar para não gemer ao sentir as mãos deles me tocando.

Ele continua com mão em meu queixo.

– Logan. – Maldição, tinha que ser essa mulher, ele tira a mão do meu rosto, pega o meu suco e bebe tudo em um só gole.

– Sim, Renata – ele diz se levantado. Sem dizer mais nada, saio da cozinha, vejo uma agitação lá fora Mia, Allan e Ryan estão não piscina, sorrio e subo para trocar de roupa, quero aproveita cada minuto aqui.

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