Cap. 16 Decisão de ir ao submundo.A decisão foi tomada em silêncio, carregada de arrependimento e medo. Os pais de Lana trocaram olhares tensos, cientes de que estavam sem saída, ainda mais após saberem que sua própria filha estava contra eles.— Se Kan não tiver aceitado você completamente… — o pai murmurou, apertando o copo de vinho. — Podemos estar mortos antes do amanhecer. Então, de uma forma ou de outra... não estamos perdidos?A mãe mordeu o lábio inferior, as mãos tremendo sobre a mesa.— Ele não tem mais escolha. Já me apresentou para toda a matilha, e agora eu sou a Luna dele. A líder que eles esperam que dê a chance de retomarem seu antigo reinado. — Ela riu com deboche.— Mas então a esperança acabou... — O pai esfregou o rosto, pensativo. — Você nasceu nesse mundo, mas está longe de ser a Deusa renascida de Kan. E se... a Maya for essa Deusa? Se o tempo todo fosse ela? Eu não sei se quero continuar com isso. Porque, se Maya for a renascida, todos sabem o quão importante
Cap. 17 Um mate proibido.A noite estava densa, pesada, como se o próprio mundo segurasse a respiração diante do que estava prestes a acontecer. Lana deslizava pela escuridão como uma sombra, a capa negra ocultando sua identidade enquanto se movia silenciosamente pelos jardins do fundo da mansão. A cada passo, o frio cortante da madrugada se infiltrava em sua pele, mas ela não hesitou.Ela encontrou o soldado nos limites da propriedade, um homem de postura rígida e olhar desconfiado. Sem perder tempo, retirou do bolso uma joia cintilante, um rubi lapidado em forma de lágrima, e estendeu para ele.— Onde fica a entrada do submundo? — sua voz era baixa, mas firme.O homem hesitou por um momento, o olhar avaliando-a com suspeita. Mas a promessa de riqueza falou mais alto. Ele pegou a joia com dedos ávidos e apontou com a cabeça para além das muralhas.— A leste, o segundo anexo. Entre as colinas, segunda porta, quando você abrir, haverá uma fenda nas rochas. Se seguir por ali, vai encont
Cap. 18: Escolha ser de nos três.O ar no submundo parecia se apertar ao redor de Lana. Ela sentia um calor profundo e imenso se espalhando por seu corpo. Seus sentidos estavam afiados, mais intensos do que nunca, mesmo que ela lutasse contra aqueles sentimentos.A presença dos trigêmeos ao seu redor tinha algo de irresistível, uma energia selvagem que ela não conseguia ignorar. Era como se o destino, ou algum poder maior, a tivesse conduzido até aquele momento, e ela já não sabia mais onde sua vontade começava e onde a deles terminava.Os trigêmeos estavam ali, observando-a com olhos famintos, como se a única coisa que importasse naquele momento fosse a ligação que os unia a ela.Eles haviam sentido, assim como ela, o impulso incontrolável de se aproximar, o desejo puro que incendiava seus corpos, suas respirações pesadas e os músculos tensos, prontos para avançar a qualquer momento.Foi então que um deles, o que havia se aproximado primeiro, fez a pergunta que os três haviam guardad
Cap. 19: Tomando a falsa Luna de Nosso irmão.Ela respirou fundo e explicou o que queria, a poção que poderia anular temporariamente a ligação do mate. Mas eles não entregariam de graça. O preço exigido foi alto, demais.Agora, de volta ao presente, depois do que aconteceu, ela precisava concluir o que começou.Lana esfregou o rosto com as mãos trêmulas, tentando afastar o peso das últimas horas. Os trigêmeos se entreolharam, satisfeitos, antes de lhe entregarem um pequeno saco de couro preto.— Aqui está a chave para sua vitória — disse um deles, um sorriso torto nos lábios.Ela pegou o objeto, hesitante, e o abriu ligeiramente. Lá dentro, uma pedra escura pulsava com um brilho fraco, como se respirasse.— O que é isso? — perguntou, a voz carregada de suspeita.— Uma relíquia rara — respondeu o mais velho dos trigêmeos. — Ao ser exposta ao ar com o toque humano, ela libera uma névoa que faz qualquer ser próximo adormecer por um curto período. Mas só funciona uma vez, e só se alguém t
Cap. 20: Tensão na saída.Antes de ir ao encontro de seus pais, ela seguiu até seu quarto e entrou no banheiro, ainda abatida. Lana se olhava no espelho do banheiro, o vapor do banho criando uma névoa ao seu redor. Seu corpo estava tenso, seus músculos doíam, como se cada parte dela tivesse sido esticada e usada de uma maneira que nunca imaginara. A água quente caía sobre sua pele, mas não conseguia aliviar completamente a sensação de arrebatamento e culpa que ainda a consumia. O cheiro do perfume que ela passava na pele parecia mais intenso agora — uma tentativa de mascarar o que sabia que havia acontecido e o que ainda estava acontecendo com ela.Ela se perguntava o que havia feito, como tinha chegado naquele ponto, entregando-se àquelas ligações que a tomavam por completo, que a faziam perder o controle. O pensamento sobre os trigêmeos e o que acontecera com eles ainda a assombrava. O que havia de errado com ela? Como tinha permitido que tudo isso acontecesse, como se seu corpo
Cap. 21: Faro perdido.A ansiedade foi tomada por um alívio imediato quando, finalmente, com um leve aceno de cabeça, ele deu um passo para trás, permitindo que seguissem se despedindo deles como se fossem pessoas distantes. Maya, por um momento, respirou pesadamente, lutando contra o efeito do remédio. Seus dedos mexeram, mas estava tão fraca que era inútil. Ainda assim, algo balançou os sentidos de Kan.O carro avançou. Eles estavam livres, ou pelo menos assim pensaram. Segundos depois, Kan sentiu um giro na cabeça, um puxão no peito. De repente, ele conseguiu sentir um fio da ligação com sua loba, mas não conseguiu detectar. Isso o deixou confuso, era como se ela estivesse muito perto e, ao mesmo tempo, distante, por causa da forma sutil como ele sentia sua presença.— Procurem o jardim! — ele ordenou abruptamente, sua voz ressoando com autoridade, ao mesmo tempo em que tentou captar a presença entre os carros, mas logo sumiu.Soldados imediatamente se espalharam pela mansão, vascu
Cap. 22: Abraço da morte.— Lana se casou com ele — sua mãe completou, a voz carregada de algo que parecia culpa.O impacto foi como um soco. Maya então se sentou na cama como se tudo estivesse desabando.Ela cambaleou um passo para trás, a respiração ficando irregular.— Não… tem algo que eu ouvi... eu vou poder viver com vocês, certo?Mas seus pais não responderam. Seus olhares apreensivos já diziam tudo.— Sim?... — ela murmurou, negando com a cabeça.Mas a seriedade no olhar de seus pais dizia que não.— Sinto muito — sua mãe continuou, mas sua expressão endureceu. — Agora precisamos nos certificar de que você não está grávida.Maya congelou.— O quê?Sua mãe ergueu um pequeno frasco com um líquido escuro.— Você precisa tomar. Agora, eu sei que não é culpa sua que alguém tenha tido a coragem de fazer isso com você, mas... precisamos nos livrar do que pode estar prestes a crescer em você.— O que está dizendo? Que eu tenho que... supostamente interromper uma gestação?O coração de
Cap .23 Tentativa de matar Maya— Não mate ela assim! Por favor! — Lorena gritou, e Hayde soltou Maya com cuidado na cama, enquanto a culpa o dominava, mas ele tentava disfarçar a todo custo.— Tudo bem... eu não tinha a intenção de acabar com a vida dela de forma tão dolorosa. Vamos dar o remédio e esperar pelos resultados. — Hayde sugeriu, temeroso.A mãe de Maya hesitou, segurando o pequeno frasco nas mãos trêmulas. O líquido escuro refletia a luz bruxuleante do quarto, e uma sombra de condenação dançava dentro do vidro.— Tem certeza de que devemos fazer isso? — Sua voz saiu fraca, quase um sussurro.O pai de Maya fechou os olhos, os ombros tensos.— Se não fizermos, estaremos condenados.A mãe apertou os lábios, engolindo a culpa. Era como se não houvesse saída.Ambos se ajoelharam ao lado da cama, onde Maya jazia inconsciente. O rosto pálido e sereno, completamente vulnerável, com marcas de sangue entre os lábios — ela parecia que estava partindo.— Me perdoe, filha… — murmurou