Capítulo 02

Juan Gonzalez - Assunção/Paraguai,

A cidade acorda com notícias de tirar o fôlego, uma noite marcada por violência e sangue, um verdadeiro cenário de guerra.

Curiosos se aproximam do local enquanto a polícia faz o isolamento da área, região nobre da cidade, casas de alto padrão e carros de luxo, esse é o cenário do triplo homicídio ocorrido na madrugada deste domingo.

— Governador, já temos a identificação das vítimas — Diz o delegado.

— Quem são? — Pergunto preocupado com a repercussão que essa situação está tomando.

— Maitê Sanches, boliviana, seu namorado Carlito Perez, também boliviano, Beatriz Castro, brasileira. Os três eram estudantes de medicina da universidade local — Ele vai falando os nomes e eu já estou discando o número da Margareth.

— Tem indícios de que havia outra pessoa com eles? — pergunto enquanto o telefone chama— Margareth, Aniele chegou em casa? — ignoro a resposta do delegado e volto minha atenção à chamada.

— Não, ela está com os amigos, conforme nos avisou, só retorna hoje pela manhã... devem estar domingo, sabes bem como são os jovens. — ela me responde tranquila.

— Não Margareth, os três estão mortos, Beatriz, Maitê e Carlito, não há sinal de Aniele, vê os contos próximos a ela tenta localizar urgente, vou verificar as coisas por aqui— falo sentindo um aperto em meu peito.

Deveria ter mandado Ramon com eles, agora minha filha está desaparecida, fico olhando pela janela, e um turbilhão de pensamento perpetuam em minha cabeça, Deus queira que Aniele esteja bem, ou eu não respondo por mim quando encontrar o desgraçado que fez tudo isso.

— Encontre-a! — Digo para John que é meu braço direito no gabinete e na máfia.

Meu país está no chão e eu só quero saber onde está a minha bonequinha, todos os amigos dela estão mortos e não vai demorar até que os pais deles estejam aqui, mataram os filhos das máfia dos dois países, muita água vai rolar.

— Senhor, outro carro foi encontrado com um corpo masculino, análises iniciais apontam que ele é da Embaixada Argentina, ainda não sabemos se há alguma relação entre os crimes. — Sou informado e engulo seco.

— Quero buscas intensificadas, toda força de segurança voltada à investigação e solução desse caso, minha filha estava com os três na noite de ontem e eu ainda não consegui falar com ela. — Informo.

— Vamos tratar o caso de forma prioritária e iniciar buscas imediatas para encontrá-la.— Ele fala e sai me deixando a sós com meus pensamentos novamente.

Ao menos a esperança de que Aniele está viva me conforta, no entanto, duas famílias que tenho muito apreço perdeu suas filhas, o pior, foram mortas no meu país, sob a minha custódia.

— Senhor, a coletiva será em trinta minutos! — Minha secretária avisa.

— Certo!

Fico fazendo algumas ligações, Aniele de fato está desaparecida. Meu coração de pai está em pedaços, sempre escondemos a máfia dela para mantê-la mais a salvo possível e ela some assim, do nada, justamente quando resolvo aliviar a segurança, estou me sentindo um derrotado.

Entro no salão da coletiva e sou acometido por flashes, aturar os jornalistas é difícil principalmente numa situação como está, mas é ônus do ofício, respondo algumas perguntas sem dar muitos detalhes.

— É tudo muito precoce, mas posso garantir com toda certeza, as forças de segurança estão empenhadas na solução desse caso— encerro saindo dessa sala horrível.

Jhon me entrega o celular enquanto volto ao gabinete, Margareth está inconsolável. Tento tranquilizá-la, mas nada do que eu digo surte efeito.

— Nossa filha não está morta, nós vamos encontrar, e cada um dos envolvidos vai pagar com a vida o que estão fazendo — Falo em um grito soprado, não quero chamar a atenção.

— Sanches convocou uma reunião, o que eu digo a ele? — Ela pergunta com o choro mais brando.

— Diga a ele que nos reuniremos sim, quando e onde ele marcar, certamente ele virá resolver o velório da filha, prepare acomodações para as duas famílias.

— já está feito, mandei organizar a sala para a reunião... Juan, encontre nossa bonequinha, por favor!

Desligo o telefone sem responder, Aniele é tudo que eu tenho no mundo, não vou deixar que um inimigo não declarado a tire de mim.

Vão entrar em contato brevemente, acredito que isso seja um sequestro, vai ser no resgate que vou capturar esses vermes.

— Alguma novidade? — Pergunto para John.

— Na realidade sim, porém não são boas!

Sento-me, respiro fundo e assinto para que ele prossiga.

— As câmeras de segurança nas vias próximas estão sendo verificadas, Aniele foi levada em um porta malas, estamos fazendo seguindo pistas... não se preocupe, vamos encontrá-la.

— Desgraçados!

— Outra coisa, o embaixador encontrado morto, estava acompanhado por Julia Di Ferrari, ela também foi sequestrada— Ele complementa.

— Nesse caso, os crimes estão relacionados e ao invés de três homicídios e um sequestro, temos um quádruplo homicídio e dois sequestros? — Mal posso acreditar no que estou ouvindo.

Mexeram com as crianças erradas, minha princesa nem tinha conhecimento dos negócios da família, não quero nem imaginar como está a cabecinha dela.

Mando que organizem um carro, quero ver a cena do crime, uma sensação ruim corre em meu corpo ao ver o carro, o sangue as fitas de isolamento e os curiosos, os corpos já foram retirados e só resta a perícia fazendo buscas por provas e pistas.

Observo toda a movimentação com as mãos no bolso da calça, uma técnica que aprendi na política para esconder o nervosismo das pessoas à minha volta.

Vejo uma correntinha caída próximo a uma moita de capim, caminho lentamente e recolho rápido e discretamente, foi meu presente em sua festa de quinze anos.

— Me leve para casa! — Falo caminhando em direção ao carro.

Ao entrar em casa sou recebido por Margareth, somos casados há 21 anos, todo nosso império foi construído com esforço mútuo. Ao longo de todos esses anos ela se mostrou uma mulher forte e parceria, com a chegada de Aniele nossas vidas ganharam cor.

Olho para minha esposa com ternura, seus olhos estão inchados, sei que chorou nas últimas horas, contudo, sua postura está firme e em sua aura está densa, ela quer tanto quanto eu por as mãos no responsável por tudo isso. Temos uma conexão tão profunda que não precisamos de palavras para entender um ao outro.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo! — Falo dando-lhe um abraço e um beijo em sua testa.

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