Capítulo 04

Alberto de Castro - Brasil 

Já fazem três dias desde que enterrei a maior fortuna que eu poderia ter na terra, minha esposa está inconsolável e não é para menos, perdemos nossa querida filha para um inimigo que nem sequer conhecemos a face.

Nunca fui um homem correto perante as leis, mas sempre andei mais na minha possível com minha família, Beatriz sempre foi meu sol, minha motivação, e eu vou vingar a morte dela, nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida.

— Eu vou retornar ao Paraguai, o responsável certamente estará por lá. — Digo a Fabiana que se esforça para me olhar.

— Eu quero ir! — Ela fala quase soprado.

Beijo sua testa e faço-lhe um cafuné, eu não acho que seja propício que ela vá, contudo não estou em condições de impor absolutamente nada, ela é uma excelente esposa e uma mãe maravilhosa, está em um momento de dor extrema e a privar dessa viagem será uma tortura.

— Claro meu amor, vou pedir que arrumem o jatinho— Falo e me levanto para fazer algumas ligações.

 Enquanto falo ao telefone observo minha esposa se levantar e caminhar até o closet para arrumar as malas, fujo da realidade e lembro dos bons tempos da infância de Beatriz, não consigo acreditar que perdi minha filha de uma forma tão brutal.

— Sairemos em quatro horas, vou repassar algumas orientações e já volto para irmos— Aviso e saio de casa.

Pelo retrovisor do carro vejo que minhas olheiras estão gritando, mas nenhuma expressão física será capaz de expor a dor que estou sentindo dentro de mim.

Entro no barracão e todos baixam a cabeça em sinal de respeito ao momento que estou passando, aqui somos muito mais que bandidos, somos uma família, um pouco violenta e rígida, mas uma família.

Repasso todas as orientações e informo meu gerente sobre minha ausência ao que ele se coloca inteiramente à disposição. Eu sei que posso contar com ele, mas é bom ter certeza disso.

Chego em casa, minha esposa já está pronta me esperando. Tento ser forte para que ela não desmorone, contudo há momentos em que as coisas ficam tensas e eu deixo que as lágrimas rolem.

— Não fica assim… ela não gostaria de nos ver assim— Fabiana fala e seca minhas bochechas com as mãos. 

— Eu jurei cuidar de vocês e falhei, nada é mais importante para mim que a minha família. — respondo resignado.

Respiro fundo e decido que a partir de hoje nunca mais irei chorar, toda essa dor eu guardarei para quando eu pôr as mãos no desgraçado que fez isso.

Certo que toda ajuda será bem vinda e além do pessoal que está designado nas buscas no Paraguai coloquei uma outra equipe para uma investigação independente.

Para o azar do responsável ele mexeu com as piores famílias que ele poderia encontrar pelo caminho, conhecendo como os conheço a família está acima inclusive da máfia e não vão deixar barato.

Para mim o mais difícil dessa união na busca pelo desgraçado é ter que aturar o Di Ferrari, em qualquer outra circunstância eu sairia da equipe, mas estamos falando da morte da minha princesa.

Beatriz era alegre, inteligente, divertida, gostava de estudar e da convivência com jovens da idade dela, sempre soube do nosso envolvimento com a máfia e estava inclusive terminando para assumir seu posto depois da faculdade.

No Paraguai, participou de diversas reuniões em meu nome e fechou grandes negócios, apesar da pouca idade conquistou respeito entre nossos aliados, tem gente que vive uma vida inteira nesse meio e não alcança o que ela alcançou.

Eu e Fabiana embarcamos rumo ao Paraguai, González quer que a gente fique hospedado em sua casa, no entanto eu prezo por privacidade então vamos ficar na casa de Beatriz, inclusive será melhor para buscar linhas alternativas de investigação.

— Em quinze minutos pousaremos— O piloto informa e eu já sinto meu peito aliviado.

Estar acompanhando de perto toda busca me traz uma sensação de que estou fazendo a coisa certa. Tenho certeza que todos os pais estarão aqui no Paraguai, todos vão caçar o responsável como se procura uma agulha no palheiro.

Assim que desembarco encontro Joaquim me esperando no Hangar, é uma surpresa pois está só ele, o cumprimento com um abraço afinal é uma pessoa por quem tenho muita estima.

— Estava lhe aguardando! — Ele fala e eu arqueio a sobrancelha.

— Cadê os demais? — Pergunto olhando em volta.

— Não é hora para os demais, não ainda… encontrei algumas pistas que fogem completamente à linha de buscas principal— Ele fala quase sussurrando.

— É muito bom ser recebidos por amigos, vamos almoçar conosco na casa de Beatriz, lá poderemos conversar mais à vontade— Fabiana intervém, o que não é um hábito comum, olho ao redor e não vejo nada.

— Ótima idéia, vou resolver algumas coisas enquanto vocês terminam de chegar e mais tarde eu vou até lá— Joaquim se despede e sai.

— O carro está pronto, senhor! — Nosso motorista informa.

Eu e Fabiana entramos em silêncio e assim permanecemos até chegar em casa, não por minha vontade, mas por ela que me impediu de falar todas as vezes que eu tentei.

Nos acomodamos, Fabiana dispensa todos os funcionários da casa que se manteve ativa e ela mesma decide fazer a comida.

Joaquim chega acompanhado de Álvaro, que é pai do Carlito, noivo da Maitê. Ambos entram e fazemos nossa refeição, enquanto lamentamos nossa perda.

Quatro corações partidos, que transformou a dor e o amor no mais puro ódio, o qual só será curado quando a vingança estiver feita.

— O que você tem para nos mostrar?— Pergunto assim que terminamos a refeição.

— Eu e Álvaro analisamos minuciosamente todas as imagens de segurança daquela noite, não encontramos absolutamente nada, porém encontramos algumas imagens de dias anteriores que não fazem muito sentido— Joaquim explica enquanto Álvaro liga um notebook sobre a mesa.

Álvaro começa a rodar as imagens e meus olhos não conseguem crer no que está vendo, apesar de já ter uma teoria em minha mente, precisamos comprovar.

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