Vitória,
Como era de se imaginar, umas das guardas entram e chama as outras ao ver a demente no chão sangrando com a faca enfiada na barriga. Não vai adiantar nada me defender, até porque, as cinco já estão me culpando. Fico sentada no canto, não me mexo, apenas respiro e vejo toda a movimentação. Até que a dama de ferro entra, já com a cara de raiva em cima de mim. — Já estou cansada de tanto problemas que você me arruma, você não se cansa não, Vitória? — Não, esse é o meu hobby favorito, te deixar cansada. — Insolente, como eu te odeio garota. — Reviro os olhos, ela nem imagina que é recíproco esse sentimento. Ou sabe, isso não importa. Ela se aproxima de mim e pega no meu braço com força, me puxa com tudo para que eu me levante. Ela manda levarem a menina para o hospital, e sai me arrastando para o andar do calabouço. — Não podia ficar quieta esses três últimos dias, não? Que inferno. Vou falar com o juiz, dessa vez nem o seu guardião vai conseguir te tirar do calabouço. — Chegamos na pior cela que tem, essa é uma das menores, que mal da para se sentar. Mas, antes que ele me jogue dentro, ela chama duas guardas para me segurar. — Vai levar uma lição antes de entrar na cela, pois parece que você, mesmo depois de tanto apanhar, não aprendeu. Fecho os meus olhos, já sei o que vem pela frente. Ela pega a merda da barra de ferro dela, e começa a bater por todo o meu corpo. Tento me soltar, mas as guardas me seguram com força enquanto ela solta toda sua raiva em cima de mim. Apanho por uns cinco minutos sem parar, e só aí, ela abre a cela e antes de me j**ar dentro, ela puxa a pulseira, tirando ela do meu braço e me j**a dentro. — Só vai sair daí quando as marcas saírem do seu corpo. Diga adeus para a sua liberdade. — Você não pode fazer isso. — Digo gemendo de dor. — Você esfaqueou uma menina dentro do reformatório, e eu como diretora sou testemunha. Fez a mesma coisa que fez com o seu pai, você é uma assassina, e daqui vai direto para uma penitenciária. — Ela fala e fecha a única portinha que me dá acesso ao lado de fora da cela. Aqui não tem ratos, porém, é quase impossível me sentar. Me encolho toda, me aperto e me sento sentindo todas as dores. Já fazia um tempo que ela não me batia, apenas era jogada aqui no calabouço, e já tinha te me esquecido como ela tem a mão pesada. Mas sei que não vou ficar aqui muito tempo, se o que psicólogo falou é real, ele vai me retirar daqui amanhã quando não me ver na sala dele. Coloco minha cabeça sobre os meus joelhos, e o jeito é só esperar. As horas vão se passando, mas eu não tenho a mínima noção de tempo aqui. Esse é o pior castigo que ela coloca, já que nessa cela, só vou ter direito a uma refeição por dia. Começo a contar de um em um, tentando fazer o tempo passar. Não faço ideia do tempo, mas o meu estômago começa a doer, me lembrando que já está na hora de comer. A portinha se abre e eu me levanto, para minha surpresa, ela me trouxe o almoço. Ou seja, o psicólogo não veio hoje, ou, ele não conseguiu convencer ela a me tirar daqui. Aquele maldito mentiroso, eu fiz o que ele mandou, não me meti em confusão, eu só me defendi. E cadê ele? Cadê suas promessas? Bato na portinha chamando a guarda, ela abre e eu entrego o cartão dele para ela. — Preciso falar com o médico do delinquentes. — Precisa nada, você precisa ficar quieta aí e cumprir o seu castigo. — Eu estou me sentindo muito mal, estou com dores muito forte. Sabe que se eu morrer aqui, vocês estão ferrada né? Do jeito que ela me bateu, devo está com hemorragia interna. — Você não pensou na menina que você esfaqueou, não é? Não se preocupe, se você morrer a gente te enterra. Agora vai dormir. — Ela fecha a portinha. — Eu não esfaqueei ela, acha que eu faria isso quando eu estava perto de sair? Ela fez isso para me incriminar, porque eu mandei a amiga dela pro manicômio e elas para o calabouço. Por favor, acredita em mim? — Ela não responde nada, e tudo que eu mais queria agora era ter uma bomba, só para explodir esse lugar. Depois de eu ficar toda dolorida pela posição horrível, e chegar a minha segunda refeição, a porta finalmente se abre. A diretora está bem na porta, com uma sorriso maligno nos lábios. — Chegou seu dia, feliz aniversário, Vitória! — Penso até que estou sonhando, mas mesmo que seja, estico as minhas pernas. Ela me ajuda a levantar e me leva algemada até a sua sala. Um homem de terno está em pé, e me observa de cima a baixo, coloca a mão no queixo para me avaliar melhor, e me rodeia. — Certo, depois de um banho tenho certeza que dará alguns trocados. — Trocados? Ela vai me vender? — Ela é bonita, mas já aviso que é perturbada também. Não entende a palavra obediência e disciplina. — Isso a gente resolve. — Ele entrega uma mala para ela, ela abre e fecha sorrindo. — Quer contar? — Não, eu confio em você. Fora que eu não via a hora de me livrar dessa coisa, pode levar ela, tenha um bom divertimento. — Você está me vendendo, sua cobra? — Você não é mais problema meu. Tem 21 anos completo, vai servir homens para aprender a ser gente, ou não. Só espero não ver reportagem da sua morte muito cedo, tomara que sofra bastante, Vitória, para pagar por tudo que você fez. — Não vou morrer tão cedo, dama de ferro, e pode apostar que virei aqui só para te derrubar. Me aguarde! O cara sai me puxando para fora. Puxo minha mão e tento correr, mas uma guarda me segura e ele coloca um pano no meu rosto. O cheio forte faz eu adormecer, e não vejo mais nada.