O tempo parecia escorrer pelas frestas da janela como grãos de areia persistentes. Dois dias haviam se passado desde a última batalha, desde que Ivy havia queimado os céus com sua luz e caído desacordada, e desde que Damian havia sido ferido por aquele ser sombrio e mergulhado num estado de inconsciência profunda.
Kael não deixava o quarto das curandeiras. A cadeira ao lado da cama de Ivy já moldava seu corpo, e os dias pareciam longos demais sem a presença dela. Ele passava as manhãs em silêncio, observando a respiração lenta da mulher que amava. O peito dela ainda subia e descia com a mesma suavidade, mas ela não o olhava, não sorria, não dizia uma palavra. E aquilo estava lentamente acabando com ele.
Nina também não saía de perto de Damian. Seus olhos estavam sempre vermelhos, mas ela não chorava mais. Apenas observava o rosto dele em silêncio, como se o amor entre os dois fosse forte o suficiente para trazê-lo de volta.
Ele se levantava todo dia na mesma hora. Treinava seu corpo.