Capítulo 5

Clara Tommaso

Após estar melhor, volto para o meu acampamento e converso com alguns dos meus homens, todos estão gravemente feridos, sem condições de combate. Minha outra alternativa é conversar com Valentina. Fui preparada para começar um interrogatório simples. Não sou boa com conversas, mas o que eu sei precisarei usar agora.

— Você vai me soltar? 

— Não, principalmente agora que todos podem ser suspeitos de traição ao meu patrimônio. 

— Está convencida de que sou eu?

— Podem ser todos, não se esqueça de que foi acusada de matar o Coronel. 

— Clara, não tenho relação alguma com essa morte, você me conhece, acha mesmo que eu sou essa pessoa? Alfonso era meu homem, mataria a única pessoa que conseguiria me dizer o nome do assassino dele? Amei seu pai por anos, quero vingança tanto quanto você. 

— Palavras não são suficientes. 

— Clara? — Ouço a voz de Marco me chamando, e nem preciso me virar para ter certeza de que é ele, aquela voz grave já domina os meus neurônios. 

— O que deseja? 

— Precisamos conversar. 

— Não temos nada para conversar, Marco. — Viro para ele, estressada.

— Sabe que temos, deixe de orgulho e vamos conversar imediatamente — Ele dá dois passos em minha direção, entretanto não conta com todos os meus homens se levantando com dificuldade e apontando armas para o mesmo. Deixo um sorriso convencido escapar. — Abaixem essas merdas agora! 

— Parece que quem está em desvantagens agora é você, Marco. 

— Eu ordenei que abaixassem as armas, serei seu senhor em poucos dias e não vão querer os seus nomes no meu livro de mortes. — Meus homens abaixam as armas. No fim, estão cansados de combater por hora. Marco se aproxima de mim e segura meu braço, puxando-me para longe de todos. 

— Me solta! — Puxo o meu braço da mão dele, mas é em vão, ele me pega pelo ombro, carregando-me para o mesmo bosque que eu estava anteriormente. Bato nas costas de Marco, que parece nem sentir. — Eu mandei me soltar, Marco! Me ponha no chão agora!

— Está feito! — Coloca-me no chão assim que chegamos na mesma nascente de água que eu estava minutos atrás. 

— Qual é o seu problema? 

— Quero conversar algo importante. Primeiramente, por que a Valentina está presa? 

— Isso não te diz respeito.

— Tudo sobre você me diz respeito, então, para que nossa aliança funcione, me responda!

— Não tenho obrigações de te contar nada… embora ela esteja presa por ser a suspeita de matar o Coronel.

— O Coronel está morto? — com a boca entreaberta, interroga.

— Sim, descobrimos hoje. 

— Que dia de merda você teve. Como se sente em relação à perda do seu pai? 

— O que é isso? Vai ficar se mantendo como o bom herói? Não preciso ser salva, Marco.

— Será que não consegue resolver as coisas como uma adulta de verdade? Tudo contigo é gritando, respondendo como uma criança mimada e chata. As coisas não giram ao seu redor.

— Não estou disponível para falar com um homem que acoberta uma mulher que tentou me matar, ou que vive ameaçando me matar. — Passo por ele irritada com essa conversa sem nexo. Marco quer algo mais, e eu não darei nada a esse homem. — Boa noite.

— Não te autorizei sair. — Ele segura meu pulso com força.

— Preciso lembrá-lo que não preciso de sua autorização? 

— Deixa de ser teimosa, mulher! — Mais uma vez ele está estressado e aperta meu braço, sem paciência. Empurro Marco e saio de onde estamos juntos, e não demora para que ele segure meu pulso. Agindo por impulso, levo a minha palma da mão na sua face, no lado esquerdo. Foi tão forte, que minha mão está ardendo. — Você me deu um tapa?

— Se quiser, dou outro para refrescar sua memória. — Sem esperar, ele me derruba no chão e monta em cima do meu corpo, prendendo meus pulsos acima da minha cabeça. 

— Não deixarei barato, Clara, ninguém nunca ousou fazer isso.

— Para tudo existe uma primeira vez, Marco. Agora, me solte, ou irá se arrepender quando eu der uma joelhada em seus testículos.

— Como ousa me desafiar?

Eu amo o jogo de manipulação e provocação, Marco já caiu antes em minhas investidas, quem sabe se eu fizer novamente, ele não volte a cair? Desço meu olhar para focar em sua boca. Ele desce mais um pouco o corpo e aproxima nossos lábios, que ficam a poucos centímetros de distância. Um choque envolve todo o meu corpo, um colar dourado sai da camisa dele e b**e em meus lábios, sinto o pequeno pingente gelado, chupo, e ele observa em silêncio. Marco está excitado, é a minha chance de comandar a situação, então retiro o pingente da minha boca e provoco:

— Seja homem e me foda aqui e agora. 

— Se eu jogar seu jogo irá perder, pare de me provocar, não vai funcionar — sussurra sobre meus lábios, o hálito dele é de uísque, porém, boamente, um sinal claro que ele bebeu antes de me ver. 

— Fraco! 

— Cansei, irei te beijar de forma que me pedirá para te comer aqui mesmo. — Com a mão dele que está livre, acaricia um dos meus seios, seus olhos estão com um brilho sensual, e como prometido, ele une nossos lábios para um beijo.

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