Após um dia exaustivo no trabalho, Cristina busca refúgio no bar de Jeremy. Lá, ela conhece Cillian, um cavalheiro que a defende de um homem inconveniente e machista. O encontro inesperado culmina em um beijo inebriante, e, movida pela química irresistível, Cristina o convida para um próximo destino. No entanto, o que parecia ser o início de algo especial se torna o pior fora que ela poderia levar na vida, quando Cillian foge abruptamente, deixando-a confusa e desapontada. Porém, o destino age mostrando todo o seu poder. De maneira inesperada, ela descobre na manhã seguinte que Cillian é o seu novo professor e mentor do mestrado em psicologia. Após a surpresa, ambos negam a atração que sentem, mas a proximidade se torna inevitável quando ele decide ser gentil outra vez e levá-la para casa no feriado.
Ler maisParte Um
Uma Garota Apaixonada
Cristina
Já percebeu como as nossas expectativas da juventude são frustradas logo após os vinte dois anos? É como se ao soprar as velas, atravessássemos um portal que nos leva do Vale dos Sonhos direto para a Terra das Desilusões. Até os vinte e dois eu estava certa de que a minha vida seria um sucesso absoluto, que após a graduação trabalharia no melhor centro de avaliações psicológicas de Nova Iorque. Mas estava enganada. Quer dizer, ao menos eu havia conseguido trabalhar na sonhada instituição, mas não exercendo a minha profissão.
Eu era a escrava… Opa! Não. Eu era a secretária de um chefe narcisista, cujo robe era fazer os seus funcionários chorarem no banheiro. Era exatamente nove da noite. Eu estava com fome, muita fome. E estressar-me quando estou faminta não é uma ideia inteligente. Então, estava torcendo para o meu chefe sair daquela sala sem nem sequer olhar para mim.
— Continua aqui? — perguntou Carter, ao entrar na recepção com algumas pastas nas mãos. Ele era outro escravo, mas que atuava no jurídico.
Encolhi os ombros com destreza em resposta e suspirei fundo, cansada. Ele sorriu com um pouco de pena no olhar. Sem dizer mais nada, entrou na sala do monstro que ali habitava.
Levantei-me e segui até o bebedouro do outro lado da sala. Enchi um copo com água e aproximei da janela. A vista dali era a única coisa bela naquele lugar. La fora o frio já obrigava as pessoas a usarem grossos casacos. O outono estava sendo rigoroso, anunciando que a estação seguinte seria ainda pior do que o esperado.
— Cristina?! — chamou o monstro.
Forçando um cara minimamente agradável que não expressasse o meu desejo de esquartejá-lo, virei-me na sua direção.
— Já pode ir — disse, sem tirar os olhos dos papéis que tinha nas mãos.
Ele entrou novamente na sala e ouvi quando a tranca foi girada pelo lado de dentro.
— Filho da puta! — resmunguei, irritada.
O infeliz estava lá dentro desde as seis da tarde. Não me interfonou ou chamou-me nem uma vez. Desde às seis ele não precisou de mim para absolutamente nada! Por que não me dispensou antes?
— Cuzão! — disse encarando a porta dupla de vidro branco.
No armário atrás da minha mesa, peguei a bolsa e o casaco, vestindo-o a caminho do elevador.
— Tchau, Greg — despedi-me do porteiro da noite, ao passar pelas roletas na saída do térreo.
— Tchau, Cris.
Passei pela porta giratória e parei na calçada, respirando o ar da liberdade. Peguei o celular no bolso do casaco e mandei mensagem para Anna. Ela e outros amigos foram para o happy hour. Com sorte ainda teria tempo de ao menos uma cerveja com eles.
Desculpe. Já estou em casa. 09:32 PM Anna
A sua resposta deixou-me um pouco triste.
Tudo bem. Logo estarei aí. 09:33 PM Cris
Mas eu ainda precisava de uma cerveja. Não voltaria para casa sem ao menos tomar uma caneca enquanto xingaria o meu chefe para Jeremy. Atravessei a rua e caminhei até o ponto de ônibus. Dez minutos depois, ele chegou.
— Boa noite — disse ao entrar.
— Boa noite, Cris. Segundo turno outra vez? — brincou o motorista, rindo em seguida.
— Um segundo turno não remunerado.
Paguei pela passagem e caminhei para a traseira do ônibus quase vazio, sentando-me próximo da saída. O trajeto até em casa levava apenas quinze minutos a essa hora. Não pegar o ponto alto do trânsito nova-iorquino era a única coisa boa em sair do trabalho depois das oito. Quando avistei o bar, levantei e dei sinal de desembarcaria no próximo ponto.
— Até amanhã, Lance — disse alto para que ele escutasse, e desci.
Ele deu duas curtas buzinadinhas para mim e se foi. Voltei alguns metros até o bar e ao entrar, o cheiro de cigarro e cerveja seca no chão, logo invadiu as minhas narinas.
— Cris… Bem na hora! — disse o cara grande atrás do balcão de bebidas.
Apesar do seu tamanho ser intimidador, Jeremy é um homem legal. Desde o início da graduação, eu frequento o seu bar. Por muitas vezes fomos juntos caminhando para casa, já que ele morava dois prédios depois do meu. Ao menos uma vez na semana eu estava ali, àquela hora, implorando por álcool nas veias.
Ao sentar-me no banco diante dele, uma caneca de quinhentos mililitros foi posta à minha frente. Jeremy colocou um potinho com amendoim ao lado e parou, olhando-me de braços cruzados.
— Vai lá. Pode desabafar.
— Hoje não tem desabafo.
— Não? — perguntou com certo espanto.
— Não. Quero falar sobre réu primário. Quantos anos de prisão acha que eu pegaria se matasse aquele filho da puta? Quer dizer… posso alegar legitima defesa, não é? Ele me tortura psicologicamente, todos os dias.
Jeremy riu alto.
— Okay. Bom… tem algo que precisa saber sobre réu primário. Ele só existe se for pega! — Piscou para mim com cumplicidade e se afastou, indo até o homem sentado do outro lado do balcão, servindo-lhe outra dose de algo que deduzi ser uísque.
Ele parecia solitário e um pouco triste. Ombros caídos, alguns suspiros pesados com certa frequência e olhar baixo. Apesar da melancolia, era um homem bonito.
CillianOs olhos amendoados de Caroline estavam arregalados e encarava-me atentamente. Seus lábios trêmulos se moveram para dizer algo, mas ela nada disse, porque uma voz alta e áspera a calou, causando-a tamanho espanto.Ela se colou de pé em um pulo. Eu me levantei e permaneci ao seu lado. Gerard estava perto da porta, nos encarando com olhos e face repleta de desgosto e um pouco de raiva.— Querido. Você chegou — disse, secando o rosto com as mãos e sorrindo.Gerard desviou por alguns segundos os olhos de mim para ela, antes de voltar a me encarar rudemente.— Meio tarde para visitas, não acha, Caroline?Retirou o seu casaco, aproximando-se de nós.— Ele já estava de saída.— E porque olhos tão vermelhos, meu amor? Estava chorando? — perguntou fingindo inocência, como se não soubesse exatamente o porquê ela estava naquele estado.Ela ficou em silêncio.— Foi bom te ver... Cillian. — Pronunciou o meu nome em um tom mais baixo. — Mas acho que está na hora de você ir.Toquei o braço d
CillianVesti-me rapidamente e me despedi dela com um beijo rápido. Na rua, estava tudo congelando com tamanho o frio. Não levaria muito mais tempo para a neve cair.Dirigi até a casa da Caroline, uma pequena mansão do outro lado da cidade. Ao chegar, abaixei o vidro e apertei o interfone que ficava ao lado dos enormes portões. Ela atendeu e logo abriu quando ouviu o meu singelo oi. Parei o carro em frente à entrada da casa. Assim que meus pisaram o primeiro degrau da escada que levava até a porta, ela foi aberta e a figura devastada de Caroline surgiu.Aos prantos, ela se jogou nos meus braços. O seu corpo baixinho e magro se balançava e tremia enquanto se debulhava em lágrimas. Ela estava descalça e as pedras dos degraus devia estar congelando os seus pés. Peguei-a nos braços e levei-a para dentro de casa, fechando a porta com o calcanhar.Carreguei-a até o sofá na sala de estar e acomodei-a lá, sentando-me ao seu lado. Ela continuou agarrada ao meu casaco, com o rosto afundado no m
CristinaEu nunca tinha contado para Cillian sobre as minhas relações passadas. Eu podia sentir a sua surpresa em me ouvir e os eu olhar queimar em cima de mim.— Não! — disse alto. — Gerard me ama! Ele diz isso todas as manhãs. Me pediu em casamento! Isso é prova de amor! — Tenteou ser convincente. Caroline fez uma careta para a sua última frase, mostrando que ela duvidava das próprias palavras.— Você está errada. Amor não dói.Rapidamente a fúria tomou conta da face dela. A respiração ficou ofegante e os ombros inflaram.— Quem você pensa que é para dizer que estou errada a respeito do meu casamento? — gritou, colocando-se de pé.— Caroline! — Cillian a repreendeu.— Você não me conhece, não sabe nada sobre mim! — Olhou para o seu irmão. — Não devia ter trazido alguém tão intrometida! Você não devia ter vindo!— Senhoras... senhor. — disse outro garçom, parado ao nosso lado. Ele não estava com uma cara nada feliz. — Vou ter que pedir que deixem do restaurante! Estão perturbando a p
CristinaNós nos sentamos e Cillian pegou imediatamente a minha mão sob a mesa. Caroline jogou o seu cabelo para trás dos ombros e ergueu a mão, chamando o garçom, que prontamente se pôs a caminhar na nossa direção.— Qual é a dos óculos? — Cillian perguntou, curioso.Ela virou o rosto para ele, forçando mais um sorriso. Falar dos óculos que cobriam quase metade da sua face a incomodava.— Meus olhos estão um pouco irritados.Cillian apertou um pouco a minha mão. Olhei-a para ele e o vi encará-la com olhos estreitos.— O que aconteceu?— Não sei. Acho que talvez uma reação alérgica.— Então eu devia levá-la ao hospital. — O tom dele soou mais duro.— Não precisa. Não é grave. — Ela continuava a sorrir.— Deixe-me ver! — Desencostou-se da cadeira, ficando mais tenso.Caroline perdeu o sorriso.— Eu disse que está tudo bem! — A voz já não soou mais tão suave e delicada.— Tire. Os óculos — falou ele, pausadamente.Ela engoliu em seco e abriu a carta de vinhos.— Qual vinho prefere, Cris
CristinaCillian ficou parado no meio do quarto, segurando o celular, encarando a janela.— Percebeu como a voz dela estava trêmula?— Bom... nós duas nunca conversamos, mas, sim. Parecia trêmula.Levantei-me da cama e fui até ele, abraçando-o por trás. Beijei as suas costas tensas e apertei mais os meus braços ao seu redor.— Você quer um café?— Vai colocar uísque dentro dele?— Acho que não devia beber agora.Ele assentiu.— Estou muito mais nervoso e angustiado do que quando estive aqui para o casamento dela. Eu não sei explicar o que estou sentindo. É um sentimento mais denso, pesado. É como se... — A sua voz morreu na garganta.— Como se... o quê? — encorajei-o a falar.— Como se eu estivesse sentindo que algo muito ruim fosse acontecer.Caminhei para frente dele e coloquei a minha mão sobre o seu coração. Ele batia muito rápido, pulsando forte. Olhei nos olhos de Cillian e percebi a tristeza neles.— Nada de muito ruim vai acontecer.— Acho que o que estou sentindo é medo.Abra
CristinaEle beijou o meu pescoço e depois chupou o lóbulo da minha orelha. Gemeu rouco em meu ouvido, deixando-me com ainda mais tesão.Ele desceu seu clitóris até a minha entrada, e penetrou-me por alguns segundos até voltar para o meu ponto que pulsava cada vez mais forte.Eu senti o meu corpo se arrepiar e estremecer em seguida. Ele também sentiu. Olho no olho, gozei. Cillian não demorou muito e se desfez em prazer logo depois de mim.Agarrando ao meu corpo, ele me beijou cheio de cuidado e romantismo.— Eu amo o jeito como você me toca com tanto desejo — disse ele, levemente ofegante.— Eu amo o simples fato de poder tocar você. Seja com as minhas mãos ou a minha boca.Sorri, maliciosa. Ele sorriu de voltar e selou os meus lábios, mordendo de leve o inferior.— Cillian...Olhou-me.— Me foda mais. Preciso de mais de essa noite.Ele cheirou o meu pescoço e beijou o meu ombro, antes de se levantar.— Já volto. — Caminhou para o closet.Sorri para o teto, sabendo exatamente o que el
Último capítulo