A Noite da Queda
Lívia
O salão principal do Clube Imperial estava deslumbrante. Cortinas de veludo vinho caíam dos vitrais de quase seis metros de altura, lustres de cristal lançavam reflexos dourados pelas paredes revestidas em detalhes clássicos, e o som do quarteto de cordas preenchia o ambiente como uma trilha sonora feita sob medida para a elegância da elite.
Vestidos longos, smokings impecáveis, flutes de champanhe e sorrisos calculados. Era o evento mais aguardado do ano. O baile de aniversário da cidade era muito mais que uma celebração: era o coração pulsante do meio empresarial. Ali se fechavam negócios, se assinavam contratos milionários e se decidiam destinos de famílias inteiras.
No palco central, montado ao fundo do salão, um telão estava coberto por uma cortina preta. Do lado esquerdo, um púlpito elegante com o brasão do evento. E ali, pronta, vestindo um longo vermelho de cetim, estava eu.
Heitor
Assistia à minha mulher — porque no coração, era isso que Lívia sem