114. Confissão de Carla
O corredor do oitavo andar estava vazio, abafado pelo silêncio da noite e pelo clima denso que pairava desde que a denúncia de Carla se tornara conhecida entre os setores mais atentos. As reuniões discretas, os sussurros na copa e os olhares carregados agora circundavam tanto Isabela quanto Carla Monteiro.
Mas naquela noite, seria Carla quem abriria a guarda.
Ela estava sozinha na sala de vidros esverdeados da unidade de Produtos Regionais, frente ao laptop fechado e a uma folha de papel amassada entre os dedos. Os olhos encaravam o nada, mas por dentro, um vulcão antigo borbulhava.
Foi então que a porta se abriu sem aviso. Lara, da equipe de Segurança Digital, havia sido enviada com um pretexto administrativo, mas encontrou ali algo que não esperava: Carla sentada, vulnerável, sem a armadura habitual.
— Está tudo bem? — Lara perguntou, hesitando na porta.
Carla olhou para ela como se, por um instante, não reconhecesse o rosto.
— Senta aqui. Fecha a porta, por favor.
Lara obede