ISABELLA Graças a Deus convenci dona Melissa a ir tomar um café na lanchonete. Se ela ficasse mais cinco minutos no quarto, minha cabeça explodiria de tanta preocupação que ela exala. Sei que ela só quer retribuir tudo que aconteceu meses atrás e também, no fundo, quer sentir que ainda é necessária. Não só pra mim, mas pra todos os meus irmãos. A relação dela com a Ayla ainda é um campo minado, mas minha irmãzinha está começando a baixar a guarda. Conversar com a nossa mãe já não é mais um campo de batalha diário. E, nesse processo, a Mel tem sido incrível. Ayla é apaixonada por ela,e agora tá obcecada pela barriguinha crescendo com nosso novo irmãozinho.Mel nos pediu ajuda com os nomes, e claro, fizemos uma votação democrática com direito a argumentos dramáticos e empates técnicos. O escolhido: Breno. Desistimos da tradição do “O”. Depois de Otávio, Oliver e Owen, qualquer outra opção nasceria um bebê de 40 anos no mínimo. O próximo seria, sei lá, Olímpio? Coitado, já ia nascer de
VIKTORPuta que pariu. Pai? PAI DE GÊMEOS?Meu coração explode. Caralho, que felicidade. Uma alegria tão imensa que parece que meu peito vai rasgar de dentro pra fora. Minha mulher está grávida dos meus filhos. Meus. Filhos. É surreal.— Muito obrigado, meu amor… Eu tô tão feliz. — minha voz sai embargada, mas firme. — Eu nunca pensei em ser pai um dia. Meus exemplos paternos foram uma completa merda. Mas eu juro, Isabella… juro pela nossa vida, que vou fazer de tudo pra ser o melhor pai que esses bebês poderiam ter. E o melhor marido pra você. Eu te amo. Te amo mais do que tudo.— Eu que te amo, meu amor! — ela chora, rindo ao mesmo tempo. É a cena mais linda que eu já vi.Pego a caixa que deixei no banco, e vamos direto pra loja comprar os brinquedos da Felicity. No caixa, ela me olha com aquele sorrisinho travesso que eu amo e odeio ao mesmo tempo.— Você disse que ia pagar. Por isso enchi o carrinho. Como é mesmo aquela frase? “Todo meu dinheiro é seu”, lembra? Passa meu dinheiro
ISABELLAFaz três dias que Livia me arrasta pelas lojas de noivas atrás dos vestidos perfeitos. Ela até cogitou a ideia maluca da gente casar juntas, como se a gente já não tivesse dividido o útero e os 19 aniversários,agora o casamento também? Nem pensar.Ontem consegui escapar dela pela manhã pra ir ao meu primeiro pré-natal. Nossos gêmeos estão perfeitos. Eu e Viktor combinamos de contar para todos hoje à tarde, com calma, mas… antes disso, claro, Livia me arrastou pra mais uma “prova” de vestidos. Só que dessa vez com um plus: um dia de princesa num spa para noivas. Maquiagem, cabelo, pele, unhas… e depois, o grande momento: o vestido.E que vestido. Branco, brilhante, estilo Cinderela. Era o meu sonho desde menina. Longo, com um véu rendado gigantesco que parecia saído de um conto de fadas. Me senti como uma rainha. Ou melhor, como a noiva de um rei.— Vamos, Isabella! Nosso ensaio de fotos já vai começar! — Livia me chama, empolgada.Ela decidiu que toda essa produção não podia
VIKTOREstamos recebendo os parabéns de todos pelo casamento e pelos nossos gêmeos. E, sinceramente, ainda parece que estou sonhando. Tudo aquilo que um dia achei que não merecia, a vida me deu de presente,através da mulher mais incrível que já conheci. O amor dela, o carinho, os filhos que estamos esperando... tudo.A cerimônia foi exatamente como ela sempre sonhou emocionante, bonita, cheia de significados. Agora estamos na festa, e minha esposa, linda como nunca, está no meio do salão dançando com a irmã... e com o tal Marcello. Ex-soldado dela. Não gosto nem um pouco disso, mas hoje é o dia dela e meu também. Não vou estragar nada por causa do meu ciúmes.De repente, ela me olha com aquele olhar pidão, depois volta a encarar o tal Marcello. Ah não… lá vem.Quando se aproxima, já sei: vai me pedir algo que eu não vou gostar.— Olá, esposa... — digo, puxando-a para um beijo.— Olá, marido... — ela responde com aquele sorriso que desmonta qualquer defesa minha.Ouvir isso, “marido”,d
ISABELLAO esconderijo secreto que Viktor construiu para nós parece saído de um filme de espionagem. A porta de entrada é uma muralha de aço à prova de balas, com uma fechadura eletrônica que só responde ao toque dele ou ao meu. Por dentro, o lugar é de tirar o fôlego: sala e cozinha em conceito aberto, móveis sofisticados, cada detalhe feito para o nosso conforto e segurança.No segundo andar ficam nossos quartos, mas o verdadeiro segredo está no porão. Ali, nossa sala de jogos e cinema esconde uma passagem sob o maior sofá, revelando o coração da fortaleza: um bunker colossal, com espaço e suprimentos para vivermos por dois anos sem precisar sair. É equipado com armamentos de guerra, alimentos , tecnologia e segurança de última geração e até um quarto de criança, com brinquedos e livros esperando por nossos filhos. Viktor pensou em tudo.Na entrada do bunker, um botão vermelho que ativa o protocolo de defesa total: cortinas de aço selam as janelas, grades elétricas energizam todas a
ISABELLA Viktor finaliza o homem com quem lutava com um soco brutal, jogando-o desacordado no chão. Mas ele não arrisca,aponta a arma e atira na cabeça do desgraçado,garantindo que o infeliz não levante mais. Sem perder tempo, parte para o próximo.Meus olhos não desgrudam dele nem por um segundo, mas algo na lateral do portão chama minha atenção. Uma movimentação estranha... Terceiro carro, preto, blindado. Merda! É ele.— Ronaldo está do lado de fora. Terceiro carro preto blindado. — aviso, a adrenalina me atravessando como uma descarga elétrica.A voz de Owen responde firme pelo rádio:— Eu, Marcello e Maurício vamos pegar ele.— James, protege os três. Eu cubro seu lado e o Viktor! — ordeno com a voz firme, como se minha vida dependesse disso. Porque depende.James mal se levanta para se posicionar em um ângulo melhor,quando vejo um sniper se preparando para atirar nele do outro lado do pátio. Não penso. Apenas ajo. Miro. Atiro. A bala é certeira no peito.— Menos um! — murmuro c
ISABELLA Lá dentro, os gritos do meu pai ecoam como lâminas cortando o ar. Minha mente entra em colapso. Meu corpo treme de pânico. Meu pai não pode me deixar. Rafael Mancini é meu herói e heróis nunca morrem. Não posso perde-lo. Meu corpo se move antes que eu consiga pensar no que fazer. Corro até ele.— Pai! — eu e Livia gritamos ao mesmo tempo, o desespero na voz nos unindo como uma só.— Um pano limpo! Preciso estancar esse sangue! — Yan grita, pressionando o ferimento com as mãos já encharcadas.— Cadê o Maurício?! — pergunto em pânico.— Eu vou busca-lo! — Viktor responde, olhando nos meus olhos com uma urgência que me congela. E então some porta afora, como um raio em meio ao caos.Eu e Livia tentamos ajudar Yan, mas é pouco, quase nada diante do estrago. Quando Maurício finalmente entra, está sozinho. Meus olhos já perguntam antes da minha boca:— Cadê o Viktor? Ele disse que ia te buscar!— Ele ficou pra ajudar os outros. — responde, ofegante.Dou um passo pra sair, mas ele
VIKTOR Vejo Maurício lutando para chegar até a casa, cambaleando entre os tiros. Vou até ele. Só ele pode salvar meu sogro. Só ele pode impedir que isso vire um inferno completo. Miro e atiro com precisão,qualquer inimigo que se exponha, eu acabo. Deixo os que estão lutando corpo a corpo com Maurício para ele finalizar. Não tenho mira limpa para estes.— Obrigado, Viktor! — ele me olha com gratidão. — Vai! Entra logo, eu te dou cobertura. Proteja minha mulher. E salve meu sogro. Vou voltar pra ajudar os outros! — digo sem hesitar.Assim que ele atravessa o porta, me reposiciono. O plano segue como desejado. A equipe do Otto tá fazendo uma defesa impecável,o babaca do Joshua tá indo até que bem e Owen quase encurrala o desgraçado do Ronaldo. Está tudo quase no fim. Ou pelo menos é o que eu quero acreditar.— Viktor! Eles estão recuando pra proteger o Ronaldo! — Lucas grita no rádio. — Impede essa fuga! Ele não pode sair vivo! — retruco, com raiva fervendo no sangue.O tempo passa deva