A luz do sol invadia o quarto principal da mansão, ferindo os olhos de Amélia assim que ela os abriu. Por um segundo, o cheiro de Dimitri nos lençóis a fez sorrir, mas a memória da noite anterior — a fuga da festa, a brutalidade no depósito, o retorno silencioso e cúmplice para a mansão — caiu sobre ela como uma âncora.
Ela se sentou na cama, puxando o lençol para cobrir a nudez, sentindo o corpo dolorido, mas vivo de uma forma que a assustava. Dimitri ainda dormia ao seu lado, um braço pesado jogado onde ela estava segundos atrás.
O celular de Amélia vibrou na mesa de cabeceira. O nome Polly piscava na tela como um alerta de consciência.
Amélia atendeu num sussurro, o coração disparado.
— Alô?
— Menina! Pelo amor de Deus! — A voz de Polly, a governanta que era mais mãe do que babá, soou estridente. — Você não voltou para o apartamento ontem à noite! Mackenna me ligou dizendo que você sumiu da festa. Onde você está, Amélia?
Amélia fechou os olhos, a culpa apertando o peito.
— Calma, P