A mão de Ana ainda estava pousada sobre as costas do pai, o rosto escondido no ombro largo e acolhedor de seu herói de infância. Mas aquele abraço, que tantas vezes a salvara de tempestades, agora parecia incapaz de aquecer a dor que lhe tomava o peito. Era um vazio profundo, silencioso, pesado. Um vazio com nome: Théo.
Sua respiração se descompassou quando o nome dele tomou forma em seus pensamentos. Lembrou-se dos olhos decepcionados, do jeito como ele recuou, como foi embora sem sequer olhar para trás. A culpa cresceu como um nó em sua garganta.
Com um movimento hesitante, ela se desvencilhou dos braços do pai. O soro preso à veia limitava seus passos, mas não sua vontade. Caminhou em direção à porta, determinada. Antes que pudesse atravessá-la, a voz firme de seu pai a fez parar.
— Ana. O que pensa que está fazendo?
Ela se virou lentamente, encarando os olhos castanhos intensos de Bento. Ele parecia um general diante de uma batalha.
— Vou atrás dele, papai. Eu... eu não posso deixá