Chego em casa e encontro o silêncio; são aproximadamente 11 da noite. Helena deve estar dormindo, o que adiará nossa conversa para amanhã. Provavelmente estarei encrencado; conhecendo o pouco que conheço da mulher com quem me casei, amanhã será o dia de escutar calado.
Subo as escadas e vou ao quarto de Lucas, que fica em frente ao meu. Meu pequeno dorme tão tranquilo que evito tocá-lo para não acordá-lo. Verifico a janela e a temperatura do ar, e saio em direção ao quarto de Alice, que se encontra ao lado. Para minha surpresa, ela não está na cama.
Entro no meu quarto e encontro o escuro iluminado apenas pela tela da televisão. Vejo Helena acariciando a cabeça de Alice enquanto canta suavemente uma canção infantil.
Brilha, brilha estrelinha
Lá no céu, pequenininha
Solitária, se conduz
Pelo céu com tua luz
Brilha, brilha, estrelinha
Lá no céu, pequenininha.
Fico parado um pouco, ouvindo-a repetir a canção. Sua mão sempre afaga os cabelos de Alice, e o que eu sinto neste momento é