A clínica tinha uma atmosfera estranha, quase desconfortável. Mesmo com o desejo intenso de agarrar Marcela e tirá-la dali, me contive.
Ao entrarmos, a recepcionista nos atendeu prontamente, o ambiente impregnado por uma formalidade que só aumentava o peso do momento.
— Estou um pouco nervosa — confessou Marcela, se sentando ao meu lado, as mãos inquietas no colo.
— Você só vai entrar, tirar a criança e sair? — tento soar prática, mas sentindo um gosto amargo na boca ao dizer isso.
— Sim. Só irei retirar o feto — ela me corrigiu com um tom seco, mas vacilante. — Todos os exames já estão prontos. Daqui a pouco estarei livre.
Suspirei profundamente, lutando contra os pensamentos que me invadiam.
— Vou entrar com você.
Ela segurou minha mão, um sorriso frágil e trêmulo se formando em seu rosto.
— Seria ótimo... Não quero ficar sozinha neste momento.
Após alguns minutos, a recepcionista nos guiou por um corredor que parecia interminável, com várias portas alinhadas em ambos os lados. Cada