É estranho perceber o quão distante ela se tornou. A muralha que ela ergueu desde aquela manhã no galpão, como se eu fosse um nada diante dela, é algo que agora sinto com mais intensidade. Ela me pintou como o monstro, oculto, mas real, dentro do seu guarda-roupa pronto para arrastá-la para o abismo.
Vejo seus olhos me julgando, e isso me corrói. Sinto como ela engole em seco, afundando palavras não ditas em sua garganta, como se o peso delas formasse uma bola de neve que derrete lentamente, enquanto o próprio orgulho dela vai se desintegrando, se apagando diante de mim.
Enquanto ela sorri para os outros, algo vai crescendo dentro de mim. Não é apenas possessão; é algo mais profundo, mais sombrio. Preciso manter a calma, manter o controle, mas por dentro, tudo está se despedaçando. Cada pedaço de mim se contorce com a sensação de que algo está fora de lugar, algo que não posso consertar.
Ela está mais bagunçada do que eu já consegui bagunçar. Não sei mais como reparar o que foi d