A porta do quarto se abre, mas eu não me dou ao trabalho de me virar para ver quem é. Nos últimos dias, tem sido sempre assim: um entra e sai constante, seja Francesco ou algum dos empregados. A pergunta é sempre a mesma:
“Você está bem?”
“Quer comer algo?”
“Acabamos de fazer um bolo, quer provar?”
Eu entendo a preocupação, mas isso me sufoca ainda mais.
– Bruna me informou que você ainda não melhorou. – A voz grave de Francesco corta o silêncio. – Então pedi para que o doutor Barretos viesse ver o que está acontecendo.
Suspiro e me levanto da cadeira da varanda, caminhando até ele. Quando meus olhos encontram o homem que o acompanha, vejo alguém jovem demais para ser médico – pelo menos, jovem demais na minha opinião.
– Eu estou bem. – Tento dizer com firmeza, mas a verdade na voz de Francesco me desmonta.
– Não, você não está. – Ele ignora minha resistência e faz um gesto para o médico. O homem abre sua maleta, que agora está sobre a mesa do quarto, e me encara com profissionalismo.