O tempo tem um jeito estranho de passar quando a gente está tentando esquecer. Às vezes ele voa, às vezes arrasta os pés como se zombasse da nossa dor. No meu caso, os dias depois da chegada de Enzo e da última noite com Dante pareciam um limbo. Nem rápidos o bastante pra me fazer parar de pensar, nem lentos o suficiente pra eu processar tudo de uma vez.
Dante ficou em silêncio por quase uma semana. Ele estava ali, circulando pela casa como sempre, com o olhar firme e os lábios sempre um pouco curvados em algo entre ironia e charme. Mas ele não me tocou. Não me chamou. Não me provocou. Mas estava pronto para ir embora.
E talvez tenha sido isso que me fez ir até o quarto dele naquela madrugada.
Não houve palavras. Só um olhar. Um silêncio espesso entre nós, até ele abrir a porta e se afastar sem dizer nada, me dando espaço pra entrar. E eu e