A mansão Montanari estava silenciosa naquela manhã, como se sentisse o mesmo peso que repousava sobre meu peito. Desde a revelação de Vittorio, meu mundo parecia ter escurecido por dentro. O que antes eram apenas desconfianças, agora tomavam forma em verdades concretas, em nomes e datas, em fotos e rostos que me perseguiam mesmo com os olhos fechados. Passei a noite em claro, encarando o teto do quarto como se ele fosse me dar as respostas que ainda não compreendia. Quem eu era, afinal?
Levantei devagar, sentindo o chão frio sob os pés descalços. As palavras de Vittorio ainda ecoavam na minha cabeça: "Você é o elo proibido entre dois mundos." Meu reflexo no espelho parecia de outra pessoa, alguém mais velha, mais cética. Mais perigosa. Encontrei Enzo no jardim lateral, sozinho, com uma xícara de café em mãos. Ele olhava o horizonte como se enxergasse além da névoa. Por um momento, hesitei. Desde que Dante partira, nossa relação tinha mudado. Não por pal