Quando o silêncio grita

Dois dias se passaram.

Dois longos dias. Agonizantes, feitos de silêncio e de sussurros. O tipo de silêncio que grita, que esmaga o peito e envenena os pensamentos. Eu fiquei no hospital como se meu corpo tivesse enraizado naquele chão frio. Não comi direito. Mal dormi. Só respirava por ele. Só me mantinha de pé porque ele ainda lutava.

Dante estava estável. Foi o que disseram. Mas não acordava. Não se mexia. Apenas existia, mantido por fios e máquinas. E mesmo assim, eu não conseguia soltar sua mão. A cada toque, a cada segundo ali ao lado, eu implorava, quase sem voz, para que ele me ouvisse.

Eu falava com ele em silêncio. Lembrava do nosso último abraço, da promessa dele: "Eu sempre escolherei você."

Eu queria que ele escolhesse ele mesmo, só dessa vez. Que escolhesse viver.

Enzo estava no hospital também, mas à sombra. Ele não suportava ver Dante assim. Se afastava, mas não se ausentava. Agia. Planejava. A dor dele era diferente da mi
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