Meus olhos se fecharam, e me vi em um limbo. Estava na minha terra. Não sabia com exatidão a idade que tinha, mas ouvia claramente a voz de meu pai ecoando firme:
— Mais alto, Lya! Belas flores não vão te salvar de um inimigo implacável e cruel.
Eu o olhava sem entender, mas obedecia fielmente. Bati minhas asas com toda a força, subindo mais e mais, até que já não conseguia enxergá-lo lá embaixo. A sensação de liberdade invadia meu peito, e naquele instante percebi que jamais poderia viver sem aquilo: o céu, o vento, o voo.
Quando abri os olhos, estava de volta ao quarto de pedra. Uma única janela deixava entrar a visão de um pequeno jardim interno. Uma tristeza sufocante tomou conta de mim, acompanhada da dúvida e do medo de estar sendo usada como peça em um jogo maior do que eu. As lágrimas vieram sem pedir licença, e eu não tentei contê-las.
Ouvi batidas na porta, mas não respondi.
— Princesa? — A voz de Benício preencheu o quarto.
Fechei os olhos com força. Eu não queria que ele m