ESMERALDA DEL CASTRO
O tempo passa devagar aqui dentro. Deve ser meio-dia ou um pouco mais. O calor sufoca, o ar tem cheiro de terra e ferrugem. Eu ainda não sei por que estou aqui, nem o que querem comigo. Pelo menos me deram comida e me deixaram usar um banheiro sujo no corredor — como se isso fosse um favor. Mas ninguém ainda falou comigo, os meus sequestradores permanencem fazendo suspense para mim.
Escuto a porta rangendo. Me levanto num salto, o coração batendo descompassado.
Pela primeira vez, não é um homem rude ou indiferente que aparece. É uma mulher.
Alta, elegante, perfeitamente arrumada, destoando completamente desse lugar imundo.
Ela me observa com um misto de pena e superioridade. Seu olhar pesa sobre mim, como se estivesse me catalogando, analisando cada detalhe da minha miséria. Me sinto exposta, frágil.
— Por que você? — ela pergunta, a voz suave, mas carregada de desdém. Franzo a testa, confusa.
— O quê?
— Por que ele escolheu você? — repete, como se