Narrado por Dmitri Volkov

A sala do conselho estava pesada como sempre. As paredes revestidas em madeira escura, os quadros antigos, os rostos sérios dos homens que se diziam guardiões das tradições da máfia. Eu me sentei à cabeceira da mesa, o lugar que me pertencia, e cruzei as mãos diante de mim.

Mikhail, sempre à minha direita, observava em silêncio.

Conselheiro Ivan: — Don Volkov, antes de darmos início às pendências da semana, precisamos confirmar sua agenda. Há encontros com fornecedores, negociações com os italianos e um acordo pendente com os turcos.

Respirei fundo, deixando o silêncio se arrastar por alguns segundos. O suficiente para que todos os olhares se fixassem em mim.

Dmitri: — No fim de semana, estarei fora.

Um burburinho imediato percorreu a mesa. Sobrancelhas erguidas, olhares trocados, algumas tosses nervosas. Eu vi cada reação, e sorri de leve.

Conselheiro Petrov: — Fora? — repetiu, incrédulo. — Fora… de Moscou?

Dmitri: — Da Rússia.

O silêncio que seguiu foi quas