Antônio
Ainda estava com o bisturi na mão, olhando para ela dormindo.
Meus olhos procuravam pequenas diferenças para sempre saber quem era Cora e nunca mais permitir que algo assim aconteça. A única coisa que gritava era o corte no rosto.
Pensava em como compensá-la. E mal sentia minha mão levando o bisturi ao meu rosto. Só quando o corte começou foi que entendi que realmente queria isso.
O corte já estava no fim quando alguém puxou o instrumento da minha mão. A voz era de Amanda.
― Que porra é essa, Antônio? Caralho! ― ela me olhava como se assistisse um filme de terror. Seus olhos negros estavam arregalados. Nunca os vi assim. E eu me sentia dormente, impotente diante da situação. ― O que está fazendo? ― insistiu.
Não respondi, apenas a olhava, sem realmente ver.
― Fala, porra! ― ela me balançou e entendi que não pararia enquanto eu não reagisse.
Eu queria falar, da mesma forma com que falei com Cora, mas não conseguia. Então usei os sinais de sempre.
“Não é ela.” ― disse e repeti “