Kate
Vi quando aquele homem alto entrou no escritório de Mancini. Ele passou por mim sem sequer notar minha presença, movendo-se com uma determinação fria. Sempre soube que o uniforme de empregada nos torna invisíveis, mas, de certa forma, isso não deixa de ser conveniente. Lucy, a secretária, sai da antessala e vai para o corredor, parando como uma estátua diante da porta de Antony.
— O que houve? — pergunto, curiosa.
— Don está com o senhor Mansur. Quando ele entra em uma sala, é proibido ficar na antessala.
— Por quê? — insisto.
— As paredes deste cassino são muito finas.
— Ah, tá. — Murmuro, sentindo um peso no peito. Esse emprego parece piorar a cada dia.
Respire, digo a mim mesma. Vai dar tudo certo.
— Você acha que aconteceu algo para ele estar aqui? — questiono, incapaz de conter minha curiosidade.
— Com certeza.
Que estranho, penso.
Não demora muito, e a porta se abre. Mancini sai de lá transtornado. Assim que Lucy o vê, abaixa a cabeça. Eu faço o mesmo, instintivamente.
Deus