—Você pode me levar agora para conversar com o diretor de Artes?
— perguntei num inglês firme, tentando não demonstrar o nó que se formava em meu estômago.
Os olhos de Ayman — escuros, atentos, desconcertantes — pousaram sobre mim, e percebi uma mudança quase imperceptível na expressão dele.
— O senhor Wagner tirou uns dias — ele disse, a voz grave, lenta, carregada de algo que eu não soube identificar. — E eu assumi o posto dele. O teste que fará… será para mim.
Meu coração falhou um compasso.
Testar para ele?
Dançar para ele?
Senti o chão se mover sob meus pés.
Mas antes que eu pudesse responder, a porta foi aberta sem cerimônia. Eu me virei assustada.
Zahir entrou.
A semelhança entre os irmãos era sutil, mas perceptível: a postura altiva, os olhos intensos, o ar de comando. Ele olhou para Bashir, depois para mim, medindo-me com aquele olhar silencioso do povo que eu conhecia tão bem.
— Perdoe-me, Bashir. Volto outra hora.
Então era isso. Ele tinha uma reunião. Eu era um incômodo. O