🌙 CAMILA
Assim que ele entrou, senti uma dolorosa consciência de mim mesma. Do meu jeans velho. Da minha camiseta simples. Da forma como meu cabelo ainda pingava nas pontas. E senti, com igual força, a elegância dele preenchendo o espaço: o perfume caro, o blazer impecável, a postura dominadora que parecia ocupar todo o ar ao meu redor.
E claro… vi quando os olhos dele percorreram meu apartamento inteiro. Cada canto. Cada falha. Cada pobreza.
Senti a irritação subir, quente, amarga. Antes que ele voltasse o olhar para mim.
Meu coração disparou — mas não de medo. Era outra coisa. Algo que me desafiava, que me expunha, que eu não sabia nomear.
Ele parecia um rei dentro do cubículo em que eu vivia. Eu me senti pequena. Indigna. E então me perguntei:
E por que diabos isso importa?
Não devia importar. Não podia. Levantei o queixo, mantendo meu olhar firme, como se eu não sentisse cada onda de nervosismo tentando me derrubar.
Levantei o rosto e observei a cicatriz dele — marcante, dura — q